Casulo - a lagarta insiste em não virar borboleta

Eu choro. Não um choro compulso, não um choro de morrer. Só choro.
Olho para o passado e choro. Para o futuro e choro. O presente é assim.
Muitas vezes estamos tão bem, tão tranquilos vendo o mundo passar que não pensamos na possibilidade de amanhã chorar.
O choro é um item não contabilizado na equação da vida. Um balanço que fazemos pautados nos bons momentos. Ainda bem!
Quando os dias vão ficando cinza, quando os acontecimentos vão acontecendo, quando perdemos a mão o choro é inevitável. É o transbordar do balde de emoções.
Chorar ajuda a limpar não sei o que, mas ajuda.
Enquanto muitos passam na minha porta sorrindo, indo e vindo eu choro.
Não vejo pejo, peso ou pesar no fato tanto de eu chorar quanto de eles irem e virem sem notar meu choro, pelo contrário, acho bom que ninguém me veja chorar. Choro, apesar do lamaçal é para ser sentido. Por isso sinto, por isso choro.
Não quero a falseta do blues a me embalar o choro, não quero a desculpa da trágica vida de uma diva para chorar. Apenas quero chorar.
Sem sentido, sem noção. Quero por para fora. Só.
Nesse momento não me julgarei, não compadecerei, apenas chorarei.
Que sai, que inunde, que vaze!
Que seja branco em busca da pax, que seja vermelho em busca da glória, mas que seja choro. Só.
Não quero mais a guerra de um homem só. Queria, quero, a guerra de dois, se não foi que vá.
O sonho de ontem é choro hoje, só.
Chorar não sujará nada. Será como uma chuva de carmim.
O armário sem pó, a gaveta arrumada, a sala impecavelmente limpa denuncia: Acabou a faxina.
Melhor chorar hoje, amanhã será outro dia.
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