Só uma.
Eu queria ser uma só. Só uma.Sinto-me estranha ao perceber que sou mil em uma. Uma camaleão sem rabo e sem veneno. Sem ferrão.
De manhã, filhos me chamam de mãe, me judiam com horários apertados, coisas fora do lugar e a fazer.
A tarde empregados me tratam feito uma megera ao receber meus mandos, desmandos e cobranças.
Na academia eu sou a tal da gostosa que não dá mole para ninguém, mas que o professor deve estar pegando. Idiotas.
No transito eu sou a dondoca incapaz que deve ser bancada por um velho brocha e por isso tem o carro que tenho.
Em outros lugares eu sou a que deve ser chata e mal amada só porque entendo que devo defender meus direitos e não aceitar menos que o merecidamente justo.
A noite. Há a noite... Sou feito fêmea no cio por um marido loucamente puto e sedento.
Na manhã seguinte poderia ser quase tudo igual, quase o mesmo dia, mas tudo muda quando mudo, de mala e cuia, para cá (dentro de mim). Aqui sou simplesmente puta. Eu mesma em mim e para mim mesma. Só.
AsF
27.set.2013
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