Tubo tudo
Ele acordou.Acordou não de sonhos, não das sombras, não de si, mas acordou.
Olhou para o lado da cama. Olhou, como de hábito, seu relógio. E ainda seguindo os mesmos rituais não registrou a hora que seus ponteiros grifavam.
Mexeu a cabeça. Conferiu a janela fechada. A total ausência de luz. Tinha que ser assim sempre. Um ritual.
Aguçou ouvidos e percebeu, ouvindo, que a casa, como sempre, estava vazia. Nada de crianças brincando, nada de barulho de mulher cozinhando. Nada de empregada impregnando.
Sem peso. Apalpou o lado da cama. Nada de alguém ao seu lado. Nada de peso a deformar o colchão.
O mundo não havia acabado. O zero - em definitivo - não era vazio, mas havia, diferente de todos os outros dias, um vazio instalado em seu quarto. Sei quarto estava vazio. Mas como se nem o zero é vazio?!
Era comum não existir companhia em sua cama. Era normal despertar só. Era típico olhar e não ver. Era.
O incomum daquele dia era que a consciência despertará junto consigo e, diferente do sempre, ele podia ver e ouvir aquele quadro.
Só não tinha com quem falar. E discutir as cores que via a desenhar seus olhos no escuro de si.
AsF2508
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