Abrindo as portas.

Seja bem-vindo(a) ao meu Labirinto!
Aqui criador e criaturas se fundem e confundem até o mais astuto ser. Olhe querendo ver e não tema o que pode ser visto, afinal luxo e lixo diferem em somente uma letra - nem tão diferentes assim. Uma dica: Se perca para se achar. Se ache e pouco se dará a permissão para perder-se. Permita-se as permissões a bem das possibilidades.
Bom mergulho andarilho(a)!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

E toma o peito a constante vontade de chorar.

E toma o peito a constante vontade de chorar.
Lágrimas não saem de mim, não molham o rosto, não afloram.
Tenho inveja das cachoeiras que fizeram parte da minha infância. Por elas escorriam tanta água que era fácil banhar.
Era o choro da mãe natureza?

Tenho lágrimas dentro de mim, mas de mim elas não saem.
Resta o peso de me saber sozinho até nisso.
Não choro porque não quero. Não choro porque não sei chorar fácil assim, tal qual cachoeira.

O peito aperta, os músculos enfraquecem, a cabeça enche de não sei o que e as lágrimas não veem. Não saem. Não rolam (feito cachoeira).

Lembro a chuva criando rios pelos cantos das ruas. Queria ser assim.
Ainda vejo a volta da escola, debaixo de chuva e as calhas fazendo rodopiar todos que passavam na calçada da casa.
Ou era a calha, ou era a rua. Ambas chorando água sem parar.
Preciso voltar aquele tempo e lembrar como tudo isso era possível; como era possível uma cachoeira chorar, uma rua chorar, uma casa chorar e eu, hoje, não saber chorar.

Qualquer criança, na fome chora sem parar. Será que não tenho fome?
Não sei, mas mesmo se tivesse não sou mais criança. Ao menos dizem.
Devo ter fome. Mas de que? Compaixão por querer chorar e não saber como?

Diz a Fênix que choro é como poesia. Não se aprende para fazer, se faz para aprender.

- Ó Fênix, tu que fazes ciclos entre fogo, cinza e vida, ensina a esse velho tolo a chorar.
Quero fazer como as cachoeiras, como as crianças, como as ruas de chuva, as casa com calhas. Simples, assim.

- Vai poeta e antes de querer chorar, queira que chova.

E voo a sábia Fênix.

AsF1796

Um comentário:

Anônimo disse...

Comovente o querer chorar.
Alívio da alma.

Mandou bem.

Zildinha

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