O covarde

O covarde

É preciso ter muita coragem para ser covarde.
Só o covarde aceita todas as desculpas-verdadeiras e sai na primeira oportunidade real.
Enquanto ele, e muitas vezes só ele, ganha, não há problema algum. Ele é forte para assumir que está em surto, sabe pedir desculpas depois e até segue como se nada houvesse acontecido, mas basta o outro começar a pedir ajuda que ele - o outro - não é macho, não é isso, não é aquilo.
O covarde alega que está em processo de desenvolvimento pessoal, diz que é bonito, que precisa ser feliz e... pede o fim.
E como esse fim foi diante do surto do outro e não dele, com certeza ele não voltará atrás.
Covardes são assim. Fortes e bons, mas somente para si mesmos.
Quando o outro resolve ressoar na mesma frequência que eles, ainda na primeira investida, eles alegam desvantagem, assumem incompetência para seguir e... correm!
O processo é complexo e interessante.
Inicialmente tudo que você faz é motivo de risos e amor, mas com o passar do tempo, por mais que você faça tudo exatamente igual, o covarde começa a dizer que você está abusando, mas não nota que ele, igualmente, vai cobrando mais e perdendo mais o senso de respeito nas bases combinadas.
Com o tempo, ele é normal e você um louco aproveitador. Um louco que ele precisa se livrar com
urgência!
Nessa hora todos os movimentos são concordantes para tal e nada do que você faça mudará sua visão e tudo que você fizer será motivo de "Punição", piração e arredondamento para o negativo. Nunca positivo.
Você resolve ceder e... ele quer mais. Insanamente te cobrará o impossível e não perceberá que entrou em um doentio círculo vicioso.
Há jeito? Sim, mas ele não quer, afinal ele é o coitado, o fraco, o usado, o abusado e ele precisa mudar. Mudar é livrar-se de você, não tenha duvidas.
Se você ama um covarde, saiba: Faça sempre o seu jogo, pois quando fizer o dele, ele agradecerá, mas correrá quando estiver melhor, mais bonito e mais centrado, afinal - agora - você não passa de um louco desequilibrado que ele teve a infelicidade de amar.
Infelicidade essa que será suprida por outro "héroi" alguns dias depois de você ser chutado para
bem longe. Talvez estando bem longe, você não ouvirá o covarde te chando de covarde e colocando o "novo héroi" no mesmo patamar de Deus que você estava.
Deus de bosta, você foi, deus de bosta, ele será.
Ave o Rei da Boa bosta!
Ave covardix!

AsF Nov 2006