A dor da rosa
E dói.
Cada pétala que cai é uma dor a mais que a rosa sente.
E sente seu perfume ir embora qual aurora que não se permite ficar.
A noite assume o turno, cobre a rosa com seu mistério e no raiar do dia a rosa está
coberta de lágrimas. Dela? De outro? Por ela? Por outro?
A generosidade da noite permite manter o mistério.
A rosa demora a entender que somente estando nua poderá alcançar a primavera e gerar novas pétalas. Tão ou mais sedosas que as que se foram.
A rosa se nega a entender que são quatro os ciclos e que cada um tem sua importância.
A rosa, a bela rosa, agora está nua, mas só assim conseguirá atravessar o doloroso inverno. Só assim poderá se preparar para as próximas estações.
O dia gera uma luz especial a cada novo ciclo, a noite se faz presente sempre e não deixa a rosa sozinha jamais. A terra recicla fértil e possibilita novas forças.
A vida da rosa não é fácil e sempre foi assim. Perda de folhas, cair de pétalas, enfraquecimento de galhos, aparição de muitos espinhos.
O que a rosa se nega a ver é que tem muitos admiradores, gera um perfume ímpar e para cada perda há uma nova conquista, um novo estágio a cumprir.
A dor da rosa não a deixa ver que talvez ela seja a única naquele jardim que ali permanece em todas as estações. Ela não morre e nasce como alguns. Como poucos, ela é ciclos, reciclos e reflexos.
À rosa. Por toda sua luta, exuberância, força e viver ímpar.
AsF?96
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