Abrindo as portas.

Seja bem-vindo(a) ao meu Labirinto!
Aqui criador e criaturas se fundem e confundem até o mais astuto ser. Olhe querendo ver e não tema o que pode ser visto, afinal luxo e lixo diferem em somente uma letra - nem tão diferentes assim. Uma dica: Se perca para se achar. Se ache e pouco se dará a permissão para perder-se. Permita-se as permissões a bem das possibilidades.
Bom mergulho andarilho(a)!

domingo, 20 de setembro de 2009

O que te ancora?

O que te ancora?


O que te ancora?



Imagine que você tenha nascido em uma baia. Imagine, visualize e se permita sentir sua vida fluindo nessa baia.
Uma das vantagens de estar em uma baia é que há segurança, espaço limitado, calmaria e toda a infra-estrutura do iate clube que o hospeda.
Seu barco terá marinheiros sempre dispostos, bar, piscina e a cidade, bem provavelmente, estará logo ali e ainda outros barcos bem próximo ao seu. Não há suposta solidão ao morar em uma baia.

Morar em uma baia é ter a aventura de estar no mar com o conforto de tudo que a cidade pode oferecer.
Ali você está conectado ao mundo e o mundo o elogiará por ser quem é e morar em uma baia.

Imagine mais. Vá além.


Imagine que lendo, vivendo, aprendendo e trabalhando você pensa em um barco maior, melhor e mais “a sua cara”.
Se prepara para ele e, aos poucos, ele vai crescendo. Imagine. Imagine-o chegando.
Um curso aqui, uma vivência ali, um amigo que dá dicas e mostra visões diferenciadas da vida acolá e você percebe que a baia é, ou também pode ser, uma incubadora. Apenas uma incubadora.

Claro que muitos moram, por toda uma vida, na baia, mas você percebe e entende que precisa renascer e... sair da baia. Quer mais!
Une forças aqui, chama o mundo ali. Pesquisa, trabalha, se trabalha e realmente quer mais.
Num primeiro momento a ação é de mudar de barco. Isso é financeiro e você tem o dinheiro necessário.
Num segundo momento a ação é conhecer o novo barco, fazer novos cursos sobre sistemas de navegação. Isso é disponibilidade intelectual e você tem a necessária.
Num terceiro momento a ação é fazer uma triagem entre amigos, escolher se faz ou não uma aproximação de pessoas que te somam, mas que estavam distantes por um sem fim de motivos. Você reflete e abastece o novo barco de novos e mais adéqües sistemas de comunicação. Isso é emoção e você está mais aberto, disposto e disponível a ela, assim tem a necessária.
Tudo está Feito & Perfeito. Tudo caminha bem.
Num próximo momento você entende que aquela baia te cerceia, você tem consciência de que aquela baia é um tanto diferenciada – nem grande e muito menos pequena – para sua atual proposta de vida.
Agora você cresceu, estudou, se preparou trabalhando duro e dedicando-se a tudo e a todos, mas agora... o seu barco é seu e você não tem mais as mesmas amarras de antes. Quer ir além. Imagine.


Depois de buscar auxílio em consultorias diversas, depois de buscar-se dentro de si você entende que “navegar é preciso”.
Reúne família, amigos, parceiros e comunica que o seu mundo está em processo de mudanças e que aquela baia já não te satisfaz. Comunica que precisa sair dela e enfrentar o “marzão” lá fora.

Até aqui tudo bem? Espero que sim, pois a baia é assim: difícil não estar tudo bem. Até tem umas marolinhas, até tem uma ou outra confusão no cais, mas nada que realmente abale a ordem local.
Imagine um barco. Mas não imagine um barco qualquer. Imagine o barco da sua vida. Imagine um barco onde a tripulação, passageiros e demais viventes são pessoas que estão na sua vida.
Ou será que você achou mesmo que seria possível ter um baita barco desses e estar realmente sozinho?

A vida é mais que isso, não? A vida é mais que estar realmente sozinho, não?

Então entenda que pensar em tripulação, passageiros, viventes e toda a estrutura que te cerca é imaginar uma vida comum e vivida pela esmagadora maioria dos seres desse mundo, mas não quero perder o foco e vamos, por favor, voltar a baia, ao seu barco e a você.
O que entendo é que chega uma hora em que precisamos de mais. Precisamos sair daquela baia que nos resguarda, que nos permitiu viver até aqui e ir para outros mares, encarar outras marés.
Por mais que a mãe da gente diga que é perigoso, o pai que não faria isso, os amigos mais próximos que pode ser loucura, que a TV local informe péssimo tempo, nós – bem no fundo – sabemos a exata hora de sair da baia da comodidade e ir para o nosso próprio mar e... gerar, achar, criar, “gestacionar” uma outra baia.


O mundo é belo, a vida é bela, mas chega uma hora que entendemos que ser são é ir além. A comodidade da baia é muito boa, afinal estamos ali há muito tempo, conhecemos a tudo e a todos. Temos e vivemos o sonho de consumo de muitos que estão em baias menores e mais precárias que as nossas, mas ainda assim entendemos que navegar é preciso. Quero ir além.
E ai? Fazemos todo aquele “auê”, chamamos a imprensa local, família, amigos, mas não zarpamos.

Continuamos na baia. Tão ancorados quanto antes. Tão presos a fatores que trabalhamos tanto para livrar.
Tudo bem que a baia não é lugar de jogar lixo, mas ainda assim jogamos muitas coisas nela e quando ouvíamos reclamações gritávamos que aquela era nossa vida e que a gerenciaríamos exatamente como quiséssemos.

Mas na hora de sair da baia estávamos ancorados.
Ancorados em conceitos sociais, ancorados em “verdades-absolutas”, ancorados em pré-conceitos, ancorados em nós mesmos e travados em nossos muitos eus.
Numa rápida reflexão descobrimos que temos âncoras pesadas e que, impressionantemente, não são do tamanho ideal para o que entendemos como nossos barcos.
Descobrimos que temos um barco minúsculo


e usamos âncora de navio.

O pior é que, de fato, dificilmente sabemos o que realmente nos ancora e nos impede de ir mar-afora.
Afinal na baia, mesmo que de forma paliativa, precária ou numa medida que entendemos insatisfatória, temos de tudo um pouco. Se algo falta o celular aciona um serviço 24h e logo um motoboy chega com o que você precisar.


Ao passo que no mar... Ah o mar... O isolamento vem de uma forma tal que você precisa preencher seus dias com você mesmo. Não que falte coisas, mas sim que você precisará se organizar para não faltar nada. É o preço.

Você precisará se policiar para não se perder em você mesmo e, conseqüentemente, dar voltas, e pernadas, desnecessárias para chegar onde deseja.
Mas o que te âncora?
Medo de sair e não dar conta?
Medo de ter medo?
Receio de não conseguir?
O que te ancora?
Se você trabalhou, se você estudou, se você pagou o preço até aqui, se até aqui foi bom, mas daqui para diante está difícil e mudanças além de necessárias são urgentes, se até aqui ficar na baia era um prazer, mas daqui para diante parece um martírio, por que ficar aqui?
O que te ancora?
O que te impede de seguir?
O que te ancora?

Que tal refletir e aventar a possibilidade de ter um barco melhor, sim, estar com mais comodidade sim, porém... sem pensar “tão alto” e ficar por essa baia mesmo?
Que tal estudar a possibilidade de sair da baia menor e ir para outra um tanto maior, mas ainda assim baia?
Entenda que “gritos internos” são sinais de inquietação e nem sempre de insatisfação. Muitas vezes uma – possível – sensível e singela adequação pode ser melhor e mais eficaz que uma - muitas vezes inviável para o seu estágio – mudança radical.
O mar tem muitas possibilidades e tudo é possível, bastando para isso que “olhe o seu bolso” e assuma o quanto deseja, está disposto e quer pagar.


Sim, Si, Yes!
Não importa o idioma, lugar ou planeta; Tudo será uma questão de pagar o preço.



Respire. Reflita... Realize!

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