Adeus a putaria
E se tudo me cabe, pois que como rei a tudo tenho, digo a corte que não haverá mais bailes, festas e descompromissos.
E se me posso governar, pois que ao meu mundo governo, digo aos prefeitos que todos os recursos baladísticos devem ser remanejados.
E se sou quem sou, claro que ainda gozo de boa sanidade, aviso aos entrepostos que não haverá mais carga trocada. A este porto somente o que deste porto é.
E se ainda sei contar, assim que contabilizo tudo o sempre deixei à frente, comunico que muito fica para trás.
E isso é um corte.
E isso é um adeus.
E isso é irrevogável enquanto estiver em voga. E assim rezo para que esteja para todo o sempre. Amém!
Aviso:
Largo, por vontade própria, gozando de toda sanidade intelectual que me cabe a essa idade, sabendo o que faço e já tendo refletido sobre isso, toda a putaria que me cerca, todos os desvios que me espreitam e toda - e qualquer - situação de diferença entre os iguais. E aos iguais me junto, pois que sempre assim o fui. Ou quis ser, ou disse ser o que sempre fui. Assim ainda sou.
Contabilizo:
Mais de três mil atracaram em meu porto;
A umas somente uma, a algumas, algumas mais, porém o foi, é fato e a história aí está em registros.
Não fiz milagre, não deixei de fazer nada para atingir a um número que, para alguns pode ser alto. Apenas autorizei o atraque, facilitei o desembarque e não tumultuei o porto. Foi tão simples quanto o respirar sadio de um sadio e neófito ser.
Verbalizo:
Me sinto tão inocente quanto culpado, mas abro mão de qualquer pena. Seja pena moral ou pena sancionária prevista por legislador devidamente constituído. Abro mãos. Crimes como os meus caducam dois minutos depois de cometidos e nunca caducam na mente de quem os vê.
Inocência como a minha não pode ser passiva de pena, uma vez que é tão ingênua quão maléfica.
O fato é que paro os dias, quebro os ponteiros e aposento uma estrada de muitas aventuras, risos e choros.
Bom pra quem? Quem souber... morre! Devo dizer.
E o que mais digo?
Que foi bom, mas que igualmente foi ruim.
Bom porque era bom e ruim porque era ruim. Sobretudo era vida escolhida, nem sempre pensada, mas constantemente vivida.
Parou o trem e nessa estação tenho o prazer de informar que digo adeus a putaria.
E não sei se fecho com um pedido de desculpas ou um muito obrigado.
Diferente das outras vezes, fecho:
Me desculpe.
Obrigado!
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