Abrindo as portas.

Seja bem-vindo(a) ao meu Labirinto!
Aqui criador e criaturas se fundem e confundem até o mais astuto ser. Olhe querendo ver e não tema o que pode ser visto, afinal luxo e lixo diferem em somente uma letra - nem tão diferentes assim. Uma dica: Se perca para se achar. Se ache e pouco se dará a permissão para perder-se. Permita-se as permissões a bem das possibilidades.
Bom mergulho andarilho(a)!

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Flamenco: Peteneras - Me danço

O Flamenco é uma das coisas mais bonitas que já tive o prazer - e a oportunidade - de apreciar.


Me danço

Sou megeras sonhador. Sou.
Em meu coração de poeta
sou cais, porto e navio.S
Sou puta apaixonada. Um nada.

Sou toureiro em arena,
tropeiro em noite de luar.
Sou amêndoa. Sou o sim!
Fácil qual fruta madura.

Choro a emoção do nascer.
Imploro perdão em reviver.
Sou farrapo, um trapo, mas
sempre disposto a te odiar.

Sou o que sou: Também isso.
Ouriço a soltar espinhos que
aninha diante do enamorar.
Olé toureiro! Soytesoureirodelamar!

Aderlei Ferreira
20.Dez.2008

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

sábado, 27 de dezembro de 2008

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

\o/

Então é Natal

Ho, ho, ho!

*sorriso* Não levo o menor jeito para Papai Noel. Não, francamente, não levo.
Aliás, levo jeito para pouquíssimas coisas...
Mas não vim aqui, em pleno 25 de Dezembro falar de mim.

Programei essa postagem para uma da manhã, hoje? Terça-feira, 16 de dezembro, 17:22. São as facilidades da internet *sorriso*

Onde estou sinceramente, ainda não sei. Mas seguramente... estarei em algum lugar.

Seguindo o meu padrão de postagem deixarei uma pergunta há exatos sete dias para o final do ano:



O que você fez para você nesse ano?
Os projetos andaram?
As visões, que precisavam mudar, mudaram?
As adequações acomodaram?
Você se cuidou?
Você cuidou de você?
O que você fez para você nesse ano?

Não se esqueça que um discípulo disse a seu mestre:

- mestre eu queria seguí-lo.
- pois me siga.
- Não posso mestre. Tenho compromissos.
- O que você deseja nesse momento não é me seguir?
- Sim, mestre.
- Então me siga.
- Mas mestre eu tenho pessoas que precisam de mim.
- Elas precisam de você e terão auxílio de outros se você for.
- Mas eu tenho que outros compromissos, mestre.
- Você quer me seguir?
- Sim, mestre.
- Então me siga. É só isso. Me seguir.

Parece louco, mas é importante sabermos que se queremos algo é só fazer. Para tudo haverá um suporte, uma saída ou uma solução, mas se quer fazer algo... faça. É só fazer.


Que a pax desse momento esteja convosco.

Aderlei Ferreira

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

alfaBeto

:
::
alfaBeto
uma linda história de amor

a ssim começamos:
b eijos, abraços,
c arinhos diversos.
d edicatórias em tudo.
e nlouquentes juras de amor.
f elicidade nos olhos.
g emidos apaixonados.
h ora que não finda jamais.
i lha! Nossa vontade era imensa de ir.
j á somos uno.
k átia era especial...
l inda e única para mim.
m ulher igual não existia.
n ão queria saber de outra. Eu não!
o lhava-me sempre com carinho.
p edia com os olhos. Eu dava com o coração.
q ueria tudo nela, dela e para ela.
r azão do meu viver.
s altitante menina-minha, linda...
t esão da minha vida-dela.
w andeley, antigo namorado, apareceu.
u ivou qual lobo por ela.
v i o mundo se acabar em mim.
x adrez seria mais fácil.
y² Sim, ele é uma segunda incógnita!
z arparam para além-mar. Sem dizer adeus.

1 fiquei sozinho e sem esperança.
2 Até pensei em me matar.
3 Deus, cuide de mim. Sou criança!
4 A vida não quer me levar.
5 Afastei-me do mar...
6 Descobri que é possível viver só e em si.
7 Passeando no parque8 vislumbrei um sol
9 Tenho crença naquela luz!
0 Sou feliz! Casei com a Vida.

Aderlei Ferreira
09.Jun.2000:::

domingo, 21 de dezembro de 2008

Labirintos da emoção

Labirintos WWda WWemoção

Queria uma pétala da rosa,
mas me perdi no jardim.
Aceito um dedo de prosa
e seu perfume doado ao fim.
AsF
#Aderlei Ferreira#
05.11.2006

sábado, 20 de dezembro de 2008

Interessante (ou sorriso fácil)

Buscava meios para incrementar o blog sem gerar custos. Algo que demanda paciência, determinação e uma boa dose de vontade (com limão e gelo, por favor).

O ideal seria encontrar Gadget [comandos e programações que possibilitam fazer posts na lateral do blog como "coisas", fotos, gifs e similares] sem custo, de alguma forma funcional, nada pesado para carregar a página e sem "forçar" a abertura de pop-ups. Não gosto deles quando visito blog de amigos, não colocaria justo no meu. Não $em uma boa ju$tificativa para i$$o.

Enfim, rodei bastante até que achei um relógio muito interessante.
Relógio, em Java, animado, com contador de visitas [me enrolei todo e errei nos número iniciais, me desculpem, mas arrumarei. Isso é, se houver como *sorriso*].

Para configurar o relógio, precisei entrar no contador antigo e pegar os dados de start.
Sabem o que descobri?

Vejam com os seus próprios olhos de onde as visitas chegaram depois que instalei o contador inicial.

Interessante, não?

Aproveito o momento único para, ainda que sem palavras à altura, agradecer aqueles que emprestam seus nomes, perfis e, como seguidores do blog, figuram ao lado e florescem esse jardim especial com suas diversas cores e sabores.

Agradecimento igual segue pulsando, qual coração de poeta, àqueles que não estão ao lado, mas sempre buscam, de uma forma ou outra, contato para parabenizar os posts.

Vocês são sol e luz que resultam em um arco-íris de incentivo e motivação.

Escrever é tarefa simples e fácil, quando o difícil está em conter(?) a emoção de tê-los aqui.

O b r i g a d o
pelo carinho!

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Desconstruir

:
::<==0==>::


Desconstruir

n o alto de uma luz eu vim:
a njo-menino para todos os
s antos que me abençoavam.
c arinho do reconhecer e ver
i nspirações de choros em
m ariscos fora das cascas.
e nfim, eu era eu. Ali. Sorrindo.
n avegando indiferente a olhares
t inha meu próprio mundo e pari;
o lhei para fora e vim (ainda dentro).

Aderlei GanoN
28.11.2006º

º...::==><==::....º
:

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Andarilhanças


Andarilhessência
AsF
Alguns caminhos são solitários;
outros são compartilhados;
alguns são solitariamente
compartilhados.
Alguns caminho
s são solidários; outros são
compartimentados; alguns são s
olidariamente compartimentados.
Alguns caminhos são
somente caminhos.
Não há o que refletir.


Aderlei Ferreira
08.11.08

Quem com ferro fere...

Quem com ferro fere...
AsF

Pá! E lá se foi a mosca. Para outra vida.
Seu Leandro ficou feliz. Nem sempre errava, dessa vez acertou.
Ajustou óculos e foi contar o feito para a esposa.
Ouviu um barulho vindo da cozinha. Pá! Ao correr ainda viu o mosquito, triste, limpando os olhos.
AsF

Aderlei Ferreira
SP, sábado, 26.Mar.2006

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

I will survive

E o final do ano se anuncia!



*sorriso*

O que te ancora?

















WM
O que te ancora?


Imagine que você tenha nascido em uma baia. Imagine, visualize e se permita sentir sua vida fluindo nessa baia.
Uma das vantagens de estar em uma baia é que há segurança, espaço limitado, calmaria e toda a infra-estrutura do iate clube que o hospeda.
Seu barco terá marinheiros sempre dispostos, bar, piscina e a cidade, bem provavelmente, estará logo ali e ainda outros barcos bem próximo ao seu. Não há suposta solidão ao morar em uma baia. Morar em uma baia é ter a aventura de estar no mar com o conforto de tudo que a cidade pode oferecer.
Ali você está conectado ao mundo e o mundo o elogiará por ser quem é e morar em uma baia.

WM
Imagine mais. Vá além.

WM

Imagine que lendo, vivendo, aprendendo e trabalhando você pensa em um barco maior, melhor e mais “a sua cara”.
Se prepara para ele e, aos poucos, ele vai crescendo. Imagine. Imagine-o chegando.
Um curso aqui, uma vivência ali, um amigo que dá dicas e mostra visões diferenciadas da vida acolá e você percebe que a baia é, ou também pode ser, uma incubadora. Apenas uma incubadora.
Claro que muitos moram, por toda uma vida, na baia, mas você percebe e entende que precisa renascer e... sair da baia. Quer mais!
Une forças aqui, chama o mundo ali. Pesquisa, trabalha, se trabalha e realmente quer mais.
Num primeiro momento a ação é de mudar de barco. Isso é financeiro e você tem o dinheiro necessário.
Num segundo momento a ação é conhecer o novo barco, fazer novos cursos sobre sistemas de navegação. Isso é disponibilidade intelectual e você tem a necessária.
Num terceiro momento a ação é fazer uma triagem entre amigos, escolher se faz ou não uma aproximação de pessoas que te somam, mas que estavam distantes por um sem fim de motivos. Você reflete e abastece o novo barco de novos e mais adéqües sistemas de comunicação. Isso é emoção e você está mais aberto, disposto e disponível a ela, assim tem a necessária.
Tudo está Feito & Perfeito. Tudo caminha bem.
Num próximo momento você entende que aquela baia te cerceia, você tem consciência de que aquela baia é um tanto diferenciada – nem grande e muito menos pequena – para sua atual proposta de vida.
Agora você cresceu, estudou, se preparou trabalhando duro e dedicando-se a tudo e a todos, mas agora... o seu barco é seu e você não tem mais as mesmas amarras de antes. Quer ir além. Imagine.
Depois de buscar auxílio em consultorias diversas, depois de buscar-se dentro de si você entende que “navegar é preciso”.
Reúne família, amigos, parceiros e comunica que o seu mundo está em processo de mudanças e que aquela baia já não te satisfaz. Comunica que precisa sair dela e enfrentar o “marzão” lá fora.

Até aqui tudo bem? Espero que sim, pois a baia é assim: difícil não estar tudo bem. Até tem umas marolinhas, até tem uma ou outra confusão no cais, mas nada que realmente abale a ordem local.
Imagine um barco. Mas não imagine um barco qualquer. Imagine o barco da sua vida. Imagine um barco onde a tripulação, passageiros e demais viventes são pessoas que estão na sua vida.
Ou será que você achou mesmo que seria possível ter um baita barco desses e estar realmente sozinho?

A vida é mais que isso, não?
A vida é mais que estar realmente sozinho, não?

Então entenda que pensar em tripulação, passageiros, viventes e toda a estrutura que te cerca é imaginar uma vida comum e vivida pela esmagadora maioria dos seres desse mundo, mas não quero perder o foco e vamos, por favor, voltar a baia, ao seu barco e a você.
O que entendo é que chega uma hora em que precisamos de mais. Precisamos sair daquela baia que nos resguarda, que nos permitiu viver até aqui e ir para outros mares, encarar outras marés.
Por mais que a mãe da gente diga que é perigoso, o pai que não faria isso, os amigos mais próximos que pode ser loucura, que a TV local informe péssimo tempo, nós – bem no fundo – sabemos a exata hora de sair da baia da comodidade e ir para o nosso próprio mar e... gerar, achar, criar, “gestacionar” uma outra baia.
O mundo é belo, a vida é bela, mas chega uma hora que entendemos que ser são é ir além. A comodidade da baia é muito boa, afinal estamos ali há muito tempo, conhecemos a tudo e a todos. Temos e vivemos o sonho de consumo de muitos que estão em baias menores e mais precárias que as nossas, mas ainda assim entendemos que navegar é preciso. Quero ir além.
E ai? Fazemos todo aquele “auê”, chamamos a imprensa local, família, amigos, mas não zarpamos.

WM
WM

Continuamos na baia.
Tão ancorados quanto antes.
Tão presos a fatores que trabalhamos tanto para nos livrar.

Tudo bem que a baia não é lugar de jogar lixo, mas ainda assim jogamos muitas coisas nela e quando ouvíamos reclamações gritávamos que aquela era nossa vida e que a gerenciaríamos exatamente como quiséssemos.
Mas na hora de sair da baia estávamos ancorados.
Ancorados em conceitos sociais, ancorados em “verdades-absolutas”, ancorados em pré-conceitos, ancorados em nós mesmos e travados em nossos muitos eus.
Numa rápida reflexão descobrimos que temos âncoras pesadas e que, impressionantemente, não são do tamanho ideal para o que entendemos como nossos barcos.
WM
WM



Descobrimos que
temos um barco minúsculo

Quer mais?

Descobrimos que esse barco usa âncora de navio.
WM
WM
WM
WM

WM

O pior é que, de fato, dificilmente sabemos o que realmente nos ancora e nos impede de ir mar-afora.
Afinal na baia, mesmo que de forma paliativa, precária ou numa medida que entendemos insatisfatória, temos de tudo um pouco. Se algo falta o celular aciona um serviço 24h e logo um motoboy chega com o que você precisar.
WM
WM
WM
WM

Ao passo que no mar... Ah o mar... O isolamento vem de uma forma tal que você precisa preencher seus dias com você mesmo. Não que falte coisas, mas sim que você precisará se organizar para não faltar nada. É o preço.

Você precisará se policiar para não se perder em você mesmo e, conseqüentemente, dar voltas, e pernadas, desnecessárias para chegar onde deseja. WM


Mas o que te âncora?
Medo de sair e não dar conta?
O medo de ter medo do medo?
Receio de não conseguir?
O que te ancora?


Se você trabalhou, se você estudou, se você pagou o preço até aqui, se até aqui foi bom, mas daqui para diante está difícil e mudanças além de necessárias são urgentes, se até aqui ficar na baia era um prazer, mas daqui para diante parece um martírio, por que ficar aqui?
O que te ancora?
O que te impede de seguir?
O que te ancora?!

Que tal refletir e aventar a possibilidade de ter um barco melhor, sim, estar com mais comodidade sim, porém... sem pensar “tão alto” e ficar por essa baia mesmo?
Que tal estudar a possibilidade de sair da baia menor e ir para outra um tanto maior, mas ainda assim baia?
Entenda que “gritos internos” são sinais de inquietação e nem sempre de insatisfação. Muitas vezes uma – possível – sensível e singela adequação pode ser melhor e mais eficaz que uma - muitas vezes inviável para o seu estágio – mudança radical.
O mar tem muitas possibilidades e tudo é possível, bastando para isso que “olhe o seu bolso” e assuma o quanto deseja, está disposto e quer pagar.
WM
WM
WM
WM
WM
WM
Sim, si, yes! Não importará o idioma, o lugar, as condições.
Tudo será uma questão de pagar o preço.
WM
WM
WM
WM
WM
WM
Respire. Reflita... Realize!

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Quem é o outro?

Uma pergunta direta:

Quem é o outro que está ao seu lado?

Que não conhecemos as pessoas, que nos cercam, em sua totalidade, isso é fato, mas até que ponto você se esforça para assumir a posição a que se propos?

Explico:
Não são poucas as vezes em que vejo esposas tratando seus maridos como filhos, filhos que tratam a mãe como esposa e maridos que tratam as esposas como secretárias administrativas e consultoras (leia: patrocinadora) para realização de sonhos diversos.

As pessoas, e isso vai tempo, perderam a noção de posicionamento e, cada vez mais, assumem posições que não são suas e, por outro lado, lutam e relutam para não assumir a posição que lhe pertence e que, a priori, lhe foi outorgada, delegada, incumbida.

E ae, mano? *sorriso* Quem é o outro que está ao seu lado?

Ao responder essa pergunta estará a meio caminho de assumir seu posto e começar a agir como tal.

Porém tem mais uma pergunta:
Você, ao assumir sua posição, age e "assume" o outro como tal? Inclusive não permitindo que ele assuma posturas discordantes por longos períodos de tempo?

Mas... e ae, mano? Quem é o outro?

Linda semana a todos e bons mergulhos!

sábado, 29 de novembro de 2008

Tautograma

:
::<==0==>::

Tautograma
tau.to.gra.ma
sm (tauto+grama4) Composição poética em que a grande maioria das palavras, ou todas elas,
começam pela mesma letra.
adj Diz-se de poemas nessas condições.
Etimologia
taut(o)- + -grama; f.hist. 1858 tautogràmma
***
tauto-
elem comp (gr tautós) Exprime a idéia de mesmo, idêntico: tautofonia, tautograma.
***
grama4
elem comp (gr grámma) Exprime a idéia de letra, escrito, figura, desenho, sinal, gravação, traçado de aparelho registrador: barograma, cronograma, fotograma.

#ॐAderlei ॐGanoN#
14.11.2008

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sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Eu nasci

Eu nasci

Sabe... Fiquei um tempão lá dentro. Crescia, o espaço apertava, eu dava umas empurradas para ver se melhorava, mas. Nada.
Não sei precisar quanto tempo estava ali. Uns nove meses, acho.
Água por todos os lados, vozes de todas as formas e confesso que quando eu não estava tão bem assim, chutava a uns e outros. Ah! Eles vinham falando estranho comigo! Hoje sei identificar e uns pareciam bêbados ao soltar: - cadê o lindinho disso? – Cadê o lindinho daquilo.
Arrrggg. Era duro, viu?
É claro que, naquela época, eles não sabiam se era lindinho, lindinha ou mais ou menos.
Só sei que a coisa ficou feia quando aquela aguaceira começou a sair por todos os lados e a moça que me levava – eu gostava da voz dela. Macia, convidativa, acolhedora... Terna mesmo. Sempre falava comigo com um “q” especial – começou a reclamar de uma tal de bolsa estourada.
Oras, que bolsa era essa? Onde ela estourou? Eu me perguntava, perguntava e ninguém respondia. Chutei forte e continuei sem resposta.
A correria foi grande e um cara, que a moça que eu gostava chamava de pai e que depois eu também chamaria da mesma forma, começou a dizer que ia pegar as chaves para ir ao hospital.
Ufa! Depois vim descobrir que os humanos se preparavam tanto para aquele momento e sempre quando ele chegava, eles se perdiam. *sorriso*
Ela entrou no carro e, pelo que entendi, outros carros foram junto. No da frente o motorista se chamava padrinho, no de trás o nome era o mesmo que, até os três anos que chamaria a muitos outros: Tio. No meio, em nosso carro, um cara chamado irmão. Uma praga, devo dizer. Se bem que apreendi a amá-lo depois de alguns depois.
Lembro que o pai parou o carro e, aquele homem geralmente caladão, na dele e sempre muito centrado, saiu gritando:-Trabalho de parto, trabalho de parto!
Confesso que não sabia o que era “trabalho de parto”, mas posso assegurar que pensei duas coisas:
1. Já querem que eu trabalhe.
2. O trabalho deve, pelo tom de voz dele, de partir alguém no meio.
Sério, achei que alguém estava para morrer ao ser partido.
Nessa hora os seguranças pediram calma e ele foi, como sempre era naquelas situações, duro, incisivo e direto:
- paguei nove meses para justamente não ter calma. Pega uma maca que meu filho vai nascer.
Pois é... agora as coisas estavam mais claras na minha mente: Íamos trabalhar, o serviço era de partir alguém e isso devia ser para um outro alguém nascer...
A mãe, a moça da voz terna, só pedia calma.
- Calma, meu amor, calma.
Por um instante pensei que fosse comigo. Eu também era “meu amor”.
De repente ela saiu do carro, deitou na tal maca e entrou no elevador. Um cara de branco a atendeu e disse sem dar muita importância: - Calma mãe que ainda falta dilatação.
Hummm, eu estava perdidinho no meio daquela confusão quando ela colocou a mão onde eu me hospedava e falou pra mim: - Calma meu amor...
Pôxa vida... era para mim ou era para o outro “meu amor”?
Não, acho que era para mim mesmo. O tom de voz dizia isso. É. Era para mim.
Quando menos esperei a água acabou por completo e quando me dei conta eu estava em outra posição, mas... como percebi que todos estavam bem nervosos, resolvi “ficar na minha”, aliás, sempre fui um cara de, na hora do tumulto, ficar na minha.
Sério... eu ia ficar na minha mesmo, só que “vi” que “lá fora” tinha uma correria danada.
A “mãe” falava um idioma que até hoje não entendi, sua respiração estava aceleradíssima e o “pai” só fazia pedir um médico.
Tudo rodava, de uma cama para outra, de uma sala para outra até que...
Eu percebi que a “mãe” chorava muito e, para completar, um cara gritava com ela:
- Força, mãe! Força, mãe! Mãe! Ajuda! Força, vai!
Ah não... quem está gritando com uma pessoa tão boa quanto ela?!
Indignado, resolvi sair para ver o que acontecia. Queria ver aquele sujeito de frente e conversar com ele para explicar que aquela mulher era uma pessoa muito boa.
Mas, gente, eu nem bem coloquei a cabeça para fora e o sujeito saiu me puxando. Ele queria briga, sabe? Eu logo percebi.
Me armei todo para mostrar para ele quem mandava, mas o caboclo me colocou de pernas para o ar e ainda me deu um belo de um tapa na bunda.
Com covardia não vale, vai. Eu chorei.
E para piorar a situação todos sorriram. Era um sorriso aliviado, pode?
Eu ia reclamar na direção e quando me virei para comunicar isso aquele senhor, ele me passou para uma moça. Ela me tirou a “gosma” que me cobria o corpo e já totalmente enrolado em um lençol me levou para o peito de uma senhora linda e disse:
- Parabéns mãe, é um menino.
Ela chorou, me abraçou e disse:
- Seja bem-vindo.
Eu me encantei com o brilho daquele rosto e sabor de seu sorriso. E descobri: Eu nasci.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Espelho


Você se olha?

Por mil vezes perguntarei: Você se olha?
Se olha querendo se vê?
Assume o que vê que você é e acolhe-se?
Você se olha?

Quando vê seus atos fica encobrindo-os com "desculpas-verdadeiras" e evassivas dispensáveis?

Você, qual mãe de deliquente, se esconde?

Você se olha?
Se olha querendo ver?
Aceita, assume e acolhe o que vê?
Você se olha ao olhar-se?
Você se olha?
Se olha querendo ver?
Aceita, assume e acolhe o que vê?
Você se olha ao olhar-se?

Chove chuva

Hoje cai água sem parar
Cai de tudo em mim. Pensamentos, vontades, verdades e até vaidades sem fim.

A chuva, quando vem do céu, é impiedosa. Cai mesmo. E nem com o melhor guarda-chuva você é capaz de sair ileso.
Mesmo dentro de casa a chuva "vai te buscar". Seja pelo barulho da surra que ela dá no telhado, seja pela inquietação que ela causa ao descer sem cessar.

Gotas, gotículas, gotuchas. Não importa. O que vale é que ela cai em concordância com todas as experiências gravitacionais. bate em seu corpo, carro, roupa ou bens e bate sem cessar. Sem anunciar, sem reclamar. Apenas bate. Apenas cai.

Uns reclamam, outros agradecem. Uns se beneficiam, outros padecem.

A chuva é algo bem estudado, conhecido, explorado. A chuva é água que vai e volta. Um bumerangue sem igual que simboliza bem a métrica desse mundo.

Se nos cuidamos para sair e chove é problema. Se estamos em casa e chove nem sempre esquentamos.
O fato é que a chuva dificilmente vem sozinha.
Algumas vezes traz pessimo tempo, forte vento e possíveis vendavais. Perece que ela pergunta: Arrumou? Não? Então meu namorado vento derrubará tudo e eu farei "ás vezes" de levar sem perdão.

Estranho essa chuva que cai.
E hoje. Cai água sem parar.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Nunca fui

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Nunca fui

Tão homem da seca e pó;
tão bicho solto. Matar
vivo e correr morto, ferido.
Tão sol em mim preenchido.

Pleno aos desejos de beijar;
roçar língua, cuspir saliva,
cheirar pescoço, puxar cabelos.
Tão bicho sem sentido, tão nó.

De sem urros querer entrar,
com os murros socar gozar.
De sem a furia sorrir e brincar.
Nunca fui eu sozinho, no ninho.

Aos Cristos crucificados por
tantos espermas derrama
doseu gozei sorrindo, cochilei.
Nunca fui maldade, meu prazer.


#Aderlei GanoN#
15.03.2007

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Desconstruir

Desconstruir

n o alto de uma luz eu vim
a njo-menino para todos os
s antos que me abençoavam.
c arinho do reconhecer e ver
i nspirações de choros em
m ariscos fora das cascas.
e nfim, eu era eu. Ali. Sorrindo.
n avegando indiferente a olhares
t inha meu próprio mundo e pari
o lhei para fora e vim (ainda dentro).

Aderlei GanoN
em 28/11/2006

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Represa reprisada


Represa reprisada


P ernas abertas junto ao coração.

o nde cantam vontades, desejos me travam.

s ensual canção é o teu gemido em mim.

s e é dura a insegurança, me abro mais.

i nstigo meus instintos e me solto bichos,

b eijo as flores, agarro árvores e vou!

i nspiro bocas abertas. Não as deixo só. Só.

l evanto-me diante do prazer e me explodo;

i lho desesperos, exploro desejos e vou...

d igo a mim mesma que posso. Que quero.

a inda que somente no pensar, aqui estou:

d ada, levada, solta, entregue. Rapariga nua.

e nfia-me tuas vontades, meu Senhor. Pari-me.

s acie a sede dos andarilhos, eu fonte, e usa-me.

! É, aqui estou! E tua sede será velada.

Vaca Profana

Vaca Profana
Ana Carolina
Composição: Caetano Veloso

Respeito muito minhas lágrimas
Mas ainda mais minha risada
Inscrevo, assim, minhas palavras
Na voz de uma mulher sagrada
Vaca profana, põe teus cornos
Pra fora e acima da manada Vaca profana, põe teus cornos
Pra fora e acima da man...
Ê, ê, ê, ê, ê,Dona das divinas tetas
Derrama o leite bom na minha cara
E o leite mau na cara dos caretas

Segue a "movida Madrileña"
Também te mata Barcelona
Napoli, Pino, Pi, Paus, Punks
Picassos movem-se por Londres
Bahia, onipresentemente
Rio e belíssimo horizonte
Bahia, onipresentemente Rio e belíssimo horiz...
Ê, ê, ê, ê, ê,Vaca de divinas tetas
La leche buena toda en mi garganta
La mala leche para los "puretas"

Quero que pinte um amor Bethânia
Stevie Wonder, andaluz
Como o que tive em Tel Aviv
Perto do mar, longe da cruz
Mas em composição cubista
Meu mundo Thelonius Monk`s blues
Mas em composição cubista
Meu mundo Thelonius Monk`s...
Ê, ê, ê, ê, ê,Vaca das divinas tetas
Teu bom só para o oco, minha falta
E o resto inunde as almas dos caretas

Sou tímido e espalhafatoso
Torre traçada por Gaudi
ão Paulo é como o mundo todo
No mundo, um grande amor perdi
Caretas de Paris e New York
Sem mágoas, estamos aí
Caretas de Paris e New York
Sem mágoas estamos a...
Ê, ê, ê, ê, ê,Dona das divinas tetas
Quero teu leite todo em minha cara
Nada de leite para os caretas

Mas eu também sei ser careta
De perto, ninguém é normal
Às vezes, segue em linha reta
A vida, que é "meu bem, meu mal"
No mais, as "ramblas" do planeta"
Orchta de chufa, si us plau"
No mais, as "ramblas" do planeta
"Orchta de chufa, si us...
Ê, ê, ê, ê, ê,Deusa de assombrosas tetas
Gotas de leite bom na minha cara
Chuva do mesmo bom sobre os caretas...

Ser criança

Já notaram que a fase adulta tem mil fases?
Não, vocês já perceberam que depois de um tempo vivemos de reciclos?

Pois é... Vez e outro me vejo refletindo que a única fase, de nossas vidas, que é realmente única é a infância.

Das brincadeiras às infinitas responsabilidades é, em definitivo, única.

Quando adultos temos responsabilidades, necessidades e até uma consciência onde quase tudo nos leva a ser - e estar - assim ou assado, já enquanto crianças o mundo passa, a vida gira e nós nem sempre precisaremos assumir o tal "assim ou assado".

Quando crianças nosso maior compromisso é viver. É cuidar dos nossos amigos invisíveis, é cuidar dos brinquedos e... brincar.

Algumas vezes vejo pais "empurrando" crianças a precocemente assumirem posições, posturas e atitudes de adultos.
Algumas vezes vejo isso até por ego, afinal meu filho tem que ser responsável, tem que ser melhor que o seu, tem que ser...



Quando essas pessoas entenderam que seus filhos serão adultos saudáveis se tiverem uma infância saudável?
Quando compreenderão que uma criança vai naturalmente de uma fase para outra.
A psicologia comprova, assina embaixo e diz: Uma criança tem discernimento, tem maturidade para entender muitas coisas, mas... isso como criança.
Abreviar a fase adulta é tirar a única fase em que ela pode tudo. Em que ela aceita tudo.

O que os pais, segundo meu entendimento, deveriam fazer é permitir que a criança não acumule, direta ou indiretamente, "os desvios sociais" que muito nos pesam depois da fase adulta.
Desvios como não saber o que é pobreza, riqueza.
Desvios como não entender que todos somos unos, mas que isso não muda o fato de o mundo ser dividido em castas, camadas ou o termo que os pais acreditarem ser mais adequo.
Já vi adolescentes que viviam na mais pura influência e isso porque os pais não lhes apresentaram o mundo, não lhes deram valores sólidos, porém argumentados, embasados e levados de uma forma a facilitar sua vida e não a "facilitar" a sua vida.

Por favor, não estou dizendo que, se você não acredita, tem que preparar seu filho para ser uma Madre Tereza. De modo algum. O que digo é que seu filho pode crescer e ser criança pelo tempo necessário sem, com isso, ao virar adulto tenha que descobrir o mundo sozinho, com dor, com peso e sem o menor senso de espaço, interação e integração.

Seu filho deve ser criança enquanto for criança e quando virar adulto precisará de tudo que "colheu inconscientemente" enquanto era criança.
Foram atitudes, exemplos, simulações e simulados onde ele viu, mas nem sempre sentiu, e ainda assim aplica sem peso.

Seja isso o que for...

Abraços fraternais,

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Convexidade




Ele me pega. Eu? Vou!
Ele não renega. Estou.
Quando abro as pernas
ele vem firme pro fim.
sua verdade é mentira;
sua vaidade vai fundo
(em mim). Eu o desejo:
nas varias formas de sim.

Preciso ir a Korea...


É preciso mesmo ir a um país com uma mente (e outras coisas) tão abertas...

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Con cretino


Con cretino

concreto(duro)mu
rodeverdadesconc
reto(puro)levanta
vaidadescon creto(
na cura)é pura sim
pli cidadeconcreto n
o chão(pá!).Ouvidis
par
i
d
a
d
e
s
?

Aderlei Ferreira
06.11.2008

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

O rádio, eu e as muitas possibilidades


Imagine uma pessoa que desconheça totalmente a moderna tecnologia (por exemplo alguém que vive no coração de uma selva densa).
Um belo dia, a esta pessoa, é dado um rádio com ajuste muito preciso em uma estação específica.
A pessoa que o recebe encontra-se, de repente, na extraordinária situação de poder escutar um estilo de música em uma pequena, mas já essencial, caixa.
A ela é ensinado que para ouvir a música basta somente, e tão somente, apertar um botão. O On. Era apenas uma tecla e... bingo! A música começava a tocar. Não precisava fazer absolutamente mais nada. Um movimento, um aperto e mais nada. Nada era pronto. O ponto.
Essa pessoa se encanta, sonha e acredita que o rádio, aquela pequena caixa com um visor, auto-falante e botões, era a invenção mais maravilhosa de sua vida por toda a vida.
E passa, então, um sem fim de anos escutando aquele rádio. Sempre o mesmo estilo de música. Sempre as mesmas músicas, sempre a mesma estação. Um ciclo fascinante (para alguns). Tudo no seu exato horário, da sua exata forma. Nada fora, tudo dentro e bem-vindo, afinal o rádio foi a descoberta da vida dela, não?
Só que... em um outro dia, tão belo quanto o da descoberta, aparece uma outra pessoa que... mostra-lhe o quão o tal rádio pode acessar outras estações. Que ao invés de somente música, é possível ouvir notícias, programas diferenciados e até coisas desconhecidas, outras línguas, talvez.
Essa mesma pessoa ainda apresenta conceitos como o da sintonia fina, ensina o que são graves, agudos e balanço. Auxilia na movimentação e mostra que até mesmo estações impensadas poderiam ser acessadas se houvesse uma concordante junção de hora, local, posição da antena, paciência e perseverança.
Diante daquela multidão de outras estações ainda há a possibilidade das várias freqüências existentes. Nessa hora a pessoa que ficava em somente uma estação e se permitia somente apertar um botão para ter o mesmo tipo de música percebeu quão interessante poderia ser ter várias outras, assim como tinha somente uma.
Quando penso em "pessoas e evulução pessoal", vejo o outro como exatamente um pequeno rádio, mas com muitas possibilidades. Entendo que conceitos devem ser aprendidos, apreendidos, entendidos e acolhidos. Vejo que, sempre, é preciso saber um pouco mais para melhor concordar “posição, freqüência, antena, horário” com “paciência e perseverança”.
Não há, em absoluto, problema algum em ter somente uma estação, mas é fundamental, ao menos, saber que outras possibilidades existem e que conhecê-las pode fazer toda a diferença, pois de que adianta um “radinho” se não sabemos ir além de um apertar de botão único?
Assim, se compare ao rádio e reflita se você não é “pouco explorado” por você mesmo e até por seu relacionamento? Será que não há algum talento escondido e que pode, com a ajuda de outros ser colocado para fora e melhor utilizado?
Será que, ao estar isolado em uma ilha e ao ter a oportunidade de ganhar um rádio, você ficar "preso" a uma única estação não pode ser um equívoco?
Reflita.

[texto gentilmente cedido por uma amiga. Por já conhecê-lo de "outros carnavais" e saber que é de domínio público me permiti alterar alguns pontos e publicar aqui]

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Reflexo Vespertino



R e f l e x o V e s p e r t i n o
Eu, nos olhos seus. Brilho fato.
Reluzente de vermelho vida,
sorridente de raiar luzes.
Eu, nos olhos seus sou
mais que eu. Sou nós
(nos olhos seus)


Aderlei GanoN
30.10.2008

domingo, 2 de novembro de 2008

O poeta e o Palhaço



Oh, palhaço de todos os laços que fez, de todas as bolas que estourou, de todos os picadeiros que pisou, eu te aplaudi sempre e sempre mais.Cada número que vi, cada gargalhada que sorri, cada tropeço provocado pelo nada a frente de teus grandes sapatos, eu sorri da inocência piruletar.

Ah palhaço! Que alegria te ver sofrer para fazer sorrir. Sempre me dizem que tu é triste.

Teu peito cheio de alegria, tua coragem ao fazer uma criança sorrir em qualquer momento me encantaram sempre.

Pais já amaram palhaços, mas isso somente enquanto crianças, pois ao virarem adultos, usam teu nome para humilhar ao outro. Não ligue, palhaço.

Palhaço! 1,2,3! Palhaço! 4,5,6! Palhaço! Somos teu freguês!

Te chamei assim muitas vezes. E eu te brindei assim muitas vezes. Nunca pensei em te pedir um autógrafo, mas sempre torci para que pegasse em minhas pequenas mãos-miúdas.

Ah palhaço, como era bom te ver sorrir de minhas janelas dentárias, como era gostoso sorrir da flor que espichava água em tua cara. Tuas calças caiam! Ah! Eu sempre esperava esse momento. Era o melhor dos sorrisos.

Eu só te via vez e outra, mas sonhava contigo todos os dias.Era me dizer que íamos ao circo e eu já sorria de antemão, pensando em ti.- Respeitável público, com vocês, o palhaço!

Agora sim vinha a alegria maior!E quando tu entravas sem ser anunciado? Atrás de algum artista?

Sorria muito de ti, mas a maioria dos meus sorrisos era mesmo para ti.

Envergonhado, medroso até de sombras e mesmo sem entender a vida, sempre nutri um misto de medo e vontade de te conhecer melhor. Por muitas vezes, perguntei ao meu pai onde você morava. Ele respondia no circo, mas minha mãe sempre dizia que em uma estrela. Todas as noites olhava para o céu. Queria saber se faltava alguma. Assim eu saberia que um palhaço fazia espetáculo naquela noite. Sabia que alguma criança iria sorrir de ti, contigo e para ti.Inocente menino... Nunca imaginei que um dia meu destino seria como o seu.

Ao invés de sapatos, uso robustas canetas e imensos teclados. Sempre me assusto ao errar uma tecla. Um sorriso só ? de toda a platéia. Eu? Imito-te e finjo inquietação.Ao invés de picadeiro uso papel e sempre que posso só penso em fazer sorrir para que um dia se lembrem de mim, assim, como até hoje me lembro de ti.

E por falar em lembrar! Uma abraçunda palhaço.Agora volto aos meus textos...
Em 01/08/2006

Programas vampíricos


Definitivamente a TV tem se transformado cada vez mais e mais num Coliseu moderno onde escravos são atirados aos leões sem o menor pudor.
Pasmo ao ver a saudação e ouvir os modernos gladiadores:- Ave Caesar, morituri te salutant lat ou em bom e parcamente proliferado português: Salve César, os que vão morrer te saúdam! Caesar?!? Fica numa luxuosa tribuna a sorrir para(?) o povo, que faminto, agradece o pequeno, duro e passado pedaço de pão que é lançado em promoções um tanto duvidosas.Seus soldados, que são tão miseráveis quanto o povo, usam suas lanças num ato de humilhação explícita àquele que, na hora do desespero, chama de semelhante.
Os vampiros modernos divertem-se ao expor a vida do outro num teste de fidelidade. Há diversão ao arranjar um casamento onde todos sabiam, menos o noivo! Esse é mordido na hora e por saber-se em cadeia nacional, se deixa prender sem o menor esboço de luta ou resistência. Afinal pensava que estava indo para um jogo na TV ou mesmo conseguir o tão sonhado emprego. Um vampiro anestesia sua vítima com promessas de dias melhores e melhores dias prometerão sempre, pois sempre que a audiência cair eles armam, mais uma vez, seu circo de horrores e apresentam, andando, o moribundo de outrora que, ali fora, pedir uma cadeira de rodas.
Impressiona-me o fato disso ser algo mundial. As Tvs trocam idéias e umas vendem novas técnicas de mordidas às outras.E o povo? *sorriso* O povo, que me parece ser tão desgraçado quanto a desgraça que vê; vê ainda mais. Apóia, não perde uma passagem e usa um tal de Ibope - deve ser um clã muito forte de Vampiros modernos - para desejar melhoras a uns e pisar ainda mais em outros.
Não quero citar nomes, pois "eles" são organizados e qualquer texto que os exponha é motivo para um novo programa e... Justiça naquele que fala o que quer num País democrático e com liberdade de expressão! Mas é comovente ver uma moça da periferia, sem casa, sem condições de viver e... Sem alegações plausíveis para tal situação, aparecer na TV como princesa e receber de um bando de vampiros - que mais estão preocupados em fixar suas Marcas - coisas e cousas que deveria receber do mundo, que deveria buscar, com seus próprios recursos no mundo.E ela sorri, pois seu sonho de um dia, é um sonho que ficará na lembrança por toda uma vida. Seu sonho, de algumas horas, lhe renderá fama local e quem sabe? Uma ponta em algum Coliseu moderno. Quem sabe? Quem sabe com a tal da transformação, algum vampiro não reconhece seu valor e lhe invista algum trocado com a finalidade de fazê-la ser mais alguém do que já é?Quem sabe contando sua vida em rede nacional, ela não consegue ser agraciada com a visão experiente de algum soldado do Caesar e... Vira uma estrela no coliseu platinado?
Assusta-me o fato de ainda ter pessoas que pagam para assistirem a esses espetáculos em rede fechada. Sim... São canais exclusivos e que passam, 24 horas por dia, vampiros modernos sugando gente não tão inocente assim, mas que apreendeu, com eles, a ter um pouco menos de brio e mutar os valores básicos necessários à vida de um plebeu...Eu não sei e se sei alguma coisa, é que a cada dia que passa evito mais e mais a TV. Não quero ser sugado, não quero chorar gotas de uma lágrima que não deveria sair. Não quero estar conivente e presente na hora do juízo final.
Entendo, sei e aceito que cada um tem seus prazeres, suas explicações, seus motivos, mas... Sinto que alguém esta sugando alguém...E eu não quero ser sugado! Não mais do que já me permito ser...
Em 19.08.2004 (ufa! Eu já escrevia *sorriso*)

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Folhas secas


Secam todas as coisas. Folhas do sertão.
Árvore não dá mais frutos: Chão fica com um amarelo de avermelhado, liso no pastilhado de tanto pisar...
Rio seca, fundo quebra, povo inquieta. Só resta olhar (?).
Só as crianças ainda brincam. Vão pro rio seco, atiram seus cacos e fazem de tudo um pouco sem pensar. Barrigudinhos, ainda sorriem. Desdentados. Desarmados. Creditados.
A mulher só pensa, reza. Chora pelos cantos, mas não desiste de acreditar. Amém!
O marido, na praça, reclama do governo e fala de melhores lugares. O que deu certo lá, o que é bom lá, o que tem de mais lá. Aponta que "aqui" nada tem (e olha para o povo seu em seu povo de olhar). A mulher pega o pouco que sobra e faz mágica de cozinhar. As crianças comem com gosto. A fêmea sofre desgosto. O homem nem aparece para acompanhar. Isso é incomum aqui (e lá).
As cabras. Secas. Comem folhas – secas. Gado, aqui, não há. Só lá.
As crianças riem de tudo, até do fato de morarem "ao lado" de uma fazenda-modelo. Comentam, comendo de segurar garfos com mãos tortas, que lá tudo é multicor: verdes-esperanças, azul-vivos, vermelho-prósperos, amarelos-Brasil e até uma cor que eles desconhecem: O lilás-fartura.
Não denominam, mas narram, sentindo, que é uma cor mais boa de bela.
O pai resmunga e até sorriso de criança com fome incomoda. A mulher assusta e nada acomoda. Vê as filhas de outros emprestando corpo por pão a juros de humilhação. Não pensa em fazer isso e nem tem mais idade. Só tem filho homem e macho, mas se menina tivesse, pensa, não deixaria “aquilo” acontecer. Ah não! E a mulher chora. Seu homem-dono-de-cabritas-e-macho diz, seco: – chorar não enche rio, mulher. Lágrima alguma faz nascer fonte. Seus filhos, muitos, cercam-na e, quietos, fingem brincar aos seus pés. O homem percebe a fortaleza. Se intimida com a nobreza; sai pisando firme e bufando qual touro bravo, mas os filhos não ligam. Lá nunca viram tal animal forte e saudável para comparar – ou assustar. Mas pelo jeito que pai sai, deve ir buscar chuva. Sonha a fêmea que ainda credita forças no amar. Estar junto é ficar. Acolher, aceitar e ponderar. Pensa...
O homem volta com o peso do cheiro de cachaça, punhos fechados no bolso muitas vezes já remendado, grosseria já no rosto e lembranças do passado tão fantasioso quanto real: Quando ele podia escolher entre essa ou aquela rapariga.
Hoje – tão igual ao ontem – a barriga inchada e o bolso vazio só o deixam escolher entre uma meia dose de pinga e a própria mulher. Que já não tem a beleza de quem não se preocupa com a vida. Sua única beleza é acreditar num Deus (que lhe responde com secas de misérias e misérias aos pingos d’águas), proteger suas crias e cuidar daquele que poderia, também, dela cuidar. Tem marcas dos duros dias no rosto. Ele quebrou ao todo – igualmente o chão que pisa no açude após o se for de águas – e que os meninos atiram as lascas para lançar, ao tempo. Tempo. Em seus cabelos nada tratados há resto de lenço. Em suas mãos há muito mais calos feitos que unhas perfeitas.
De sol a sol, ela labuta. Capina um chão sem mato, corta cactos para as cabras, limpa feijão para os filhos e prepara a farinha para o almoço. Olha, de longe, as crianças correndo de brincar, brincando para correr de uma dor que já sentem, mas ainda não sabem classificar.
Lava resto de roupas à beira do açude e, cantando, reza a Deus. Convém.
Seu marido é seu. Grosso, sem paciência, sem crença, mas seu. E por ele ela vela. A ele ela venera. Já o fez mais, mas ainda crê nos braços fortes e culpa a sorte por nada mudar. Agradece a Deus por, ao menos, ter aquele lugar. – Tem gente com muito menos, pode? Diz ela aos filhos, numa breve aula de civilidade, prosperando a igualdade que necessita aquele lugar. Um mar de escravos da miséria que no sol do sal deitam e levantam para recomeçar. Tudo igual.
O mundo muda. Um dia muda, José. Seu marido, que nem é carpinteiro e muito menos marido de Maria, sabe que Ela teve um filho sem ter amor. Não entende, mas política nunca foi o seu forte...
Sua sorte queria mudar, quando votou no operário que de lá também era. Vulgar quimera, pois lá só foi para pedir votos - e ainda assim, só pelo ar, pois descer mesmo, foi só na capital. Pisar? Só em cidades vizinhas e de maior população. Aglomeração igual a cacos secos de rio, agora, sem valor.
Mas estava acertado: se o cabra se candidatasse de novo, ele votaria, pois aquele era um homem do povo e ele tinha que apoiar. Afinal, as folhas são secas mesmo...
Sua mulher, se pudesse, votaria em outro. Mas nem documento tinha, pois seu macho - e marido; e dono - achava que mulher ter documento era ser da vida. E ele não lhe dava vida... E, por ele, ela podia pastar. Ela sorria, era sua forma de amar.
Um dia, ele dormiu acordado, levantou travado e não podia mais trabalhar. Nunca o fez; sempre viveu de transação. Mas aquele foi um "aviso" e ele não se mexeu mais, não.
Só ia até a praça, vez e outra, tomar cachaça para a vida não acabar.
Seus filhos, já maiores, tinham sede de saber. O do meio, mais esperto, sabia de uma escola perto e, como seu pai nada apitava, foi estudar. Sem ninguém falar nada entendeu que sobreviver era saber. Queria viver!
Levou consigo o mais velho e o de baixo também. Aprenderam agricultura, sobre lavoura e alturas. Descobriram outros lugares e até experiências puderam trocar.
Das duas cabras parideiras, arrumaram mais oito que viraram leiteiras, duas foram trocadas por uma vaca, três por jegues e começaram a trabalhar. Andavam mais de vinte tantos quilômetros por dia. Sol-a-sol, vendiam iguarias que na feira podiam comprar, trocar e já sabiam até barganhar.
A mãe, agora, já tinha cabelos tingidos, televisor e geladeira. Sua casa era um tantinho maior e sem goteiras, pois seus filhos queriam se casar. Cuidavam dela e das quase esposas. A vida melhorou depois do poço, a água vinha fácil e até plantação tinham. Pouca coisa, há de ver.
A fazenda-modelo virou parceira e sem nenhuma encrenqueira passou a respeitar. São bem-vindos. E se desejarem podem daqui ensinar o povo de lá.
Seu pai era orgulhoso e, na praça, garboso, dizia que seus filhos ele soubera criar. A mulher? Ela constata que as folhas ainda continuam secas, mas se sem dentes já o fazia, agora com toda a boca em iguaria, seguia sorrindo, agradecia a Ave Maria, por sua vida abençoar.
Muitas coisas não mudam, outras fazem o céu mudar, algumas tantas seguem igual e cabe a cada qual acatar. Respeitar. Resignar.
As folhas. Continuam secas, Amém!

Primeira data não disponível
11.02.2008
17.06.2008
31.10.2008

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

O que sou se sei que nada sou?



Sou!
A sombra de minhas idéias, de meus vícios travestidos de prazeres e apresentações cobertas de coerências que só tem quem não tem outra opção de ser.
Sou minhas verdades - e as mentiras que não assumo ser, mas que somente eu sei quem sou.
Sou são por estar louco e fico cada vez mais louco ao empurrar uma postura sã para outros loucos que acreditam que sou.
Sou o seguidor de Cristos, Messias e mestres, mas somente sou se sigo, pois quando não sigo sou o próprio líder a abrir mares, dizer que comando marés e fazer vir comigo até aqueles que só vão para ver. Crer nunca!
Sou espiga em milharal, mas quando em milharal estou espantalho. O espantalho daqueles que querem motivos para correr e não enfrentar-me diante de espelhos refletindo espelhos. Quem são? As sombras de si mesmos, são?
Sou aquele que não anda de costas no escuro só porque no escuro não anda, porque se andasse não daria para ver a direção. Por essas e outras que sou. A pomba e pombal!
Sou praça acolhedora de criancinhas e cuidada por velhinhos que vão ver babás.
Sou fiel, sou fel. Sou até o que não sou quando insistem que sou o que passo ser na hora que não sou. Um desconhecido que muitos insistem em conhecer.
– Saiam antes que a noite caia ou o homem do saco os levará!
Um muito que alguns dizem ser nada. Um nada que do pó não veio, mas que para o pó voltará.
Sou, ainda, espermatozóide de solos intermináveis em orquestra imaginária. Sou sinfonia. Não a ordinária que gerou quartas, mas a extraordinária que, de tão boa, é executada somente uma vez.
Sou a vítima de minhas acusações e nas outras ações, sou forte na Bolsa.
Sou réu e juiz! Sou o martelo que sela a sentença. Sou a pena e a absolvição. Depois, mas só depois, sou liberdade para quem está preso e a prisão para quem está solto. Nunca sou arquivo morto.
Sou escuta, ouvido e parede.
Sou rede. Oceano e pescador me tem, por isso sou mar e maré. Vento e fé. Sou.
Sou um pouco mais, mas é isso que sou e depois disso, acredite: Ainda nada sou no tudo que posso ser; porque assim sou: Complexa e paradoxalmente eu.
É isso mesmo, eu sou!

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