Abrindo as portas.

Seja bem-vindo(a) ao meu Labirinto!
Aqui criador e criaturas se fundem e confundem até o mais astuto ser. Olhe querendo ver e não tema o que pode ser visto, afinal luxo e lixo diferem em somente uma letra - nem tão diferentes assim. Uma dica: Se perca para se achar. Se ache e pouco se dará a permissão para perder-se. Permita-se as permissões a bem das possibilidades.
Bom mergulho andarilho(a)!

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

06. A Casa de Madalena - A mesa de canto

06. A Casa de Madalena - A mesa de canto
Eu estava ali. Sentada. Imóvel. Muitas tardes eram assim. Eu ficava num canto da sala vendo meu pai escrever, socando a máquina e minha mãe... a costurar, passando a agulha.
Às vezes falava sozinha, às vezes brincava sozinha, às vezes sonhava sozinha.
Minha mãe e seus belos pés de bailarina comandavam, em vai e vem, a polia da máquina. Longos, pequenos, sempre bem cuidados. Aliás, mamãe sempre fora muito bem cuidada. Era o tipo mignon, pele lisa e, sem muito esforço, com cara de menina.
Papai soube escolher bem sua esposa.
Papai batia... à máquina.
Mamãe enfiava agulhas...
E se papai enfiasse agulhas? Na mamãe?
Do jeito que ela o venerava não duvido que não somente deixaria como pediria mais.
Uma agulha nos bicos dos seios. Ela, amarrada em seu tecidos e, ele, torturando-a cada vez mais.
Fale que a vida não presta, ele mandaria. Ela viraria os olhos, mas nada diria.
Mais agulhas, mais pressão. Mais pano.
Era estranho como, em pleno século 21, mamãe ainda tratava papai por senhor. Algo que nem mesmo eu fazia.
Estranha a relação dos dois. Ele mandava e ela sempre atendia. Sim, senhor querido. Era o que ela mais dizia.
Muitas coisas que a empregada explorada podia fazer, quem fazia era minha mãe. A ideia que eu tinha era que a empregada cuidava exclusivamente da casa e de mim, pois do meu pai, era minha mãe que cuidava.
Algo estranho, obsessivo e aparentemente doentio. Eu não ligava e se eles achavam aquilo certo, não seria eu ax a dizer que estavam errados.
Meu pai controlava todas as três mulheres da casa de uma forma incomum. Queria saber de tudo e sempre ficava claro que tinha prazer em mandar.
Gostava de ver as três na sala quando ele chegava da rua e minha mãe sempre arrumava uma desculpa para manter-nos ali em sua chegada.
Uma vez, minha mãe deixou cair um quilo de arroz no chão da cozinha e, ao ouvir alguma coisa balbuciada por meu pai, foi para o quarto e ficou lá por dois dias seguidos. Ele fez de tudo para eu não perceber, mas havia dormido na sala. Um quilo de arroz e dois dias num quarto...
Funcional ou não, a relação ia tranquilamente e vez e outra ele enfiava uma agulha nos seios da minha mãe. Ela devia adorar. Andava nua pela casa e o recebia de joelhos à porta. Comeria numa pequena mesa de canto que não era jogada fora justamente por, na alta madrugada, servir de apoio para a tigela de cão em que minha mãe fazia suas refeições.
Ele sempre a amarrava com tecidos diversos e sempre a fazia jurar submissão eterna a ele.
A prenderia no canto da sala. Totalmente aberta. Disposta, exposta e a usaria por noites e mais noites sem piedade. Suas partes íntimas estariam inchadas de tanto uso. Sugadores de seios de gestantes  virariam sugadores de clitóris, prendedores de roupas seriam ótimos aliados às agulhas para prenderem os bicos de mamãe.
Ela chorando, mas com olhar de quero mais. Ele mostrando o brilho em seus olhos de tanto desejo e excitação.
Já disse, papai era louco, mamãe fingia-se de morta, a empregada não gostava de mim e era totalmente subserviente a papai. E eu? Eu ficava largada num canto com disponibilidade para morrer aos poucos. Vendo aquilo tudo.

MadalenaDee
Mada por parte de pai, Lena pela da mãe e Dee por pura rebeldia.
Para os íntimos, Ma dá. Para os inimigos, Me dá. Para os neutros, MadalenaDee.

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Aderlei Ferreira
11/FEV/2006

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

07. Osvaudo Oumundi e suas indignações – Envelheci e daí?

07. Osvaudo Oumundi e suas indignações – Envelheci e daí?
Hoje todo o mundo vai à swing.
Os caras falam que comem umas seis por noite.
Porra, mermão, na minha época comer uma era difícil, duas era missão impossível e quem dizia que comeu três, na mesma noite, era mentiroso. Swing era suruba mística: Todas sabiam, tinham fé e rezavam para participar, mas niguém via ou ia. Só ouvia os milagres.
Agora tem essa de swing. Cadê a fonte da juventude, mermão!? “Pecizo” resolver isso, xará.

AsF
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segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Verbalizacionalidade

Verbalizacionalidade
Gélido é o vento que empurra meus ossos
Pensamentos velados fundem, confundem
A vida passa, passam, não espera esperma
para fazer mais. Consciências vão. Estão.

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sexta-feira, 22 de novembro de 2013

05. A Casa de Madalena - A banheira

05. A casa de Madalena - A banheira
Calor, calor, muito calor. Entrei feito um furacão. Fui até a máquina de escrever, beijei meu pai. Não me deu atenção e balbuciou algo. Fui até o outro canto, a máquina de costura rodava sua polia ao comando dos pequenos, e belos, pés de minha mãe. Ela parecia uma bailarina de pé. Sentada fazia gostoso e ritmado movimento de vai e vem. Puro erotismo em uma ato tão simples, ritmado e único. Vem pano, vai linha, comanda o pé. Vai pano. Recebe agulha. Deixa linha. Comanda o pé. Esquerdo. Agulha entra. Agulha sai e o pé, impiedosamente, empurra mais. Comanda um batalhão de forças para furar um pano tão simples quanto o que jazia sobre a mesa. Ao final ficaria lindo, mas aquela que o usasse não fazia ideia do quanto ele sofreu para estar embelezando seu corpo. Seres humanos. Arrumam as desculpas mais absurdas para ferir o que quer que seja. Não fala? Pode me servir? Não é humano? E vale a cadeia alimentar...
Beijei minha mãe e esta me perguntou como foi o dia. Perguntou sem querer saber e eu disse: - normal. Sem querer contar.
Passei pela mesa de canto, que ficava jogada num canto mais não era jogada para outro canto, como o lixo, só porque veio de Paris? Te incomoda eu falar isso sempre? Problema seu. A mesa é problema meu. Tem mais atenção que eu e fica tão quieta num canto quanto eu. Só que eu não vim. Sozinha. De Paris...
Vaguei qual soldado ferido e exausto depois de uma batalha intensa e que somente o general levaria as honras e fui banhar-me no rio. Aos pés de uma bela e alta cachoeira. Mada não demore, vamos almoçar já. Disse meu pai. Ah hã. disse eu sem soltar muito som. Que fique claro e registrado nos altos: Eu não confirmei e muito menos aceitei nada. Apenas disse ah hã. Continuei minha senda. Marcha soldado, cabeça de papel...
Queria ser reprovada no vestibular de psicanalista só para tentar direito. Processaria meu pai por maus tratos. Ele abusa de mim quando fala tão baixo que eu não posso ouvir.
Entrei com tudo no banheiro. Fui tirando a roupa, conferi gordura, aferi celulites e liguei a banheira.
Bem que ela podia estar pronta. Muita espuma, umas duas velas em forma de flores boiando e ja acessas, alguma pétalas de rosa vermelha, um belo arranjo sobre a pia e uma felpuda toalha a minha espera. Não foi assim que estava, mas foi assim que sonhei. Bhoeme gritando com a explorada da empregada operacional e mandando ela preparar tudo mais rápido porque eu estaria chegando. Correria, pois eu estava perto e quando eu chegasse tudo deveria estar mais que perfeito. Eu gostava de luxo e diferente da minha mãe, assumia isso. Não usaria o nome de meu pai e sua comodidade para ter o que eu queria.
Quando eu pisasse na banheira tomaria uma susto ao sentir algo em meus pés. Ah Bhoeme... Que belo colar de pérolas, amor...
Ele sorriria entendendo que atingiu seu alvo com perfeição. O abraçaria bem forte e quando eu fosse beija-lo ele olharia para a explorada com cara feia e mesmo vendo o sorriso dela a colocaria para fora.
Antes de sair ela ainda perguntaria, posso servir a mesa, senhora Madalena? Eu diria que sim, mas Bhoeme riria e diria que não. Mostrando seu cativante sorriso diria que o colocar era nada perto do que havia para mim no quarto...
Eu sorriria mais que a explorada e me sentiria feliz.
tóc, tóc, tóc. Madaaaaaaa, espero que o banho esteja sendo frio. Não demore e, por favor, não use a banheira!!!
Meu pai era uma estraga prazeres. Agora estava decidido. Eu seria advogada e o processaria. Não satisfeita escreveria três livros. Em um: A história da filha que foi explorada pelo pai, usada como empregada pela mãe e operacionalizada pela empregada. No dois: Saiba como fazer sua mãe ser sua mãe em dez lições. Esse seria um daqueles livros que vendem horrores, propõem e ensinar tudo de forma rápida, mas não ensinam nada nem de forma lenta. No terceiro: Empregada é tudo assim mesmo. Usaria tudo que meu pai já falou para defender a Cinira, a empregada, e colocaria num livro em que ao titulo seria muito melhor que seu conteúdo.
Desliguei a água da banheira, abri o frio chuveiro e fui tomar banho de ducha. Horas forte, com força, horas fraca com constância. Refresquei.

MadalenaDee
Mada por parte de pai, Lena pela da mãe e Dee por pura rebeldia.
Para os íntimos, Ma da. Para os inimigos, Me dá. Para os neutros MadalenaDee.

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Aderlei Ferreira
09/FEV/2006

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

06. Osvaudo Oumundi e suas indignações – Constatações de uma constelação falida

06. Osvaudo Oumundi e suas indignações – Constatações de uma constelação falida
Essa molecada de hoje tem me chamado a atenção.
Eles queimam etapas de relacionamentos. Só querem ficar.
Eles não querem trabalhar, só pensam em mesada.
Eles são mais eles.
Na minha época era muito diferente. Não comíamos ninguém, começávamos a trabalhar cedo e logo casávamos.
Mas que bosta foi o meu tempo...
 
AsF
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segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Mulheres vs Mulheres

Mulheres vs Mulheres
Difícil não é chegar aos 45 anos e ser trocado por um menino de 20 e poucos. Claro que ele aparenta ser mais viril! Mostra ter mais disposição (e disponibilidade). Parece curtir mais aventuras e está para o que der e vier (claro que... desde que ela, com mais idade e mais dinheiro, pague).

A verdade é que o difícil é chegar, abençoadamente, aos 45 anos praticamente estabilizado, acreditando que sabe o que quer, tendo feito parte importante em uma geração onde tudo aconteceu. Afinal o “rock Brasil” nasceu! E logo antes dele nossos pais eram ponta-firme em Woodstock! Fomos a ponte para a “era da discoteque”, do Black Power, da "boca de sino", do salto plataforma e muitas outras modas legitimamente legais.

Difícil é saber que existe uma imensidade de mulheres, na faixa dos 40 e poucos, que são verdadeiras meninas-jóias, uns pitéis, moras? Dispostas, disponíveis e à disposição.

Lindas como nunca, as de 40 e poucos estão para o que der e vier. São "cabeças", cuidam do corpo, mas não o deixa à frente do espírito livre e olhos conectados ao mundo, afinal elas foram forjadas em uma fôrma única. Apreenderam fazendo e fizeram para aprender. Foram muitos os murros em ponta de faca para sentarem e sentirem a brisa acarinhar seus cabelos cortados da forma que quisessem onde quisessem, por quem quisessem. Elas podem. São fontes!

Difícil é saber que elas estão aí. Conquistando seu espaço sem perder a feminilidade, lutando pelo pão porque se elas não forem produzir falta e se faltar é cartão vermelho! Sim, até de futebol elas sabem versar.

Culhudas, elas chegaram com tudo em cima e querem festa. Bom papo, boa cultura, bons sorrisos e gargalhadas de estremecer o mundo. Já compraram casa, têm carro, sabem usar o GPS para não depender de macho algum, pagam suas contas e pouco se importam em fazer uma lipo, colocar um silicone, quiçá uma abdominoplastia para sentirem-se bem consigo mesmas.
Elas se cuidam até na alma e não tem homem que as façam acreditar que devem largar de si mesmas a bem de relacionamento ou relaxionamento momentâneo ou esporádico.

São descoladas, parceiras e... gostam de um sexo onde a quantidade, o tamanho e até o gás importam, mas não são postos ante a qualidade de um beijo com mix de sentimentos e histórias para contar, uma conversa sobre livros deliciosos e que fizeram pensar, viagens sem igual e um fim de tarde a beira de algum lugar que até pode ser chamado de qualquer, mas que é sempre especial pelo simples fato dela estar lá.
#fato é que praça, bar, amigos são mais memoráveis que "aquela trepada duka!".  Elas estão antenadas. Se liga...
 
Elas querem conteúdo e não somente cheiro de leite fresco com músculos à mostra e idade de baixa quilometragem para contabilizar. Querem trocar mais que ensinar desde o início do mundo.
Querem (mais) discutir sobre os filmes, livros e viagens que fizeram do que ficar sendo uma fonte de informações onde, depois, serão taxadas de "dicionário", "enciclopédia" ou algo similar. Querem - e exigem! - serem vistas como uma fonte de troca, não como um balcão de informações ou banco 24h.

Elas são fortes, mas sabem fazer carinha de triste, de frágil e querem, sim, um cara de 45 para lhes amparar ao amparar-lhes. Já aprenderam que usar calcinha (e deixar que a rasgue!) é muito melhor que usar cueca e estar à frente de tudo e de todos.

Assim, que se danem os caras de 20 e poucos que fazem, somente, algumas trocarem uma experiência única por outra única experiência!
 
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sexta-feira, 15 de novembro de 2013

04. A Casa de Madalena - O quintal

04. A Casa de Madalena - O quintal
Aquele dia estava estranho. Não fazia sol, mas fazia calor. Não chovia, mas o céu estava nublado. Eu? Pingava por todas os poros, molhava todas as partes. Não tinha vento que me fizesse refrescar. Era só agonia. Agonia de menina, inquietação de mulher. Achava que ia acontecer alguma coisa. Achava que alguma coisa aconteceria. Fui até a janela olhei para a rua e nada. Nada acontecia. Nenhum anúncio de duelo. Nenhuma justa por donzelas ou penas de ouro. Nenhum grito apavorante e logo a seguir os sinos avisando a aproximação de dragões. Não imperiais. Os voadores que cospem fogo em resposta a suas iras.
Meu pai batia a máquina, minha mãe enfiava agulhas... Papai não levava jeito para enfiar agulhas. Era serviço de mulher. Mamãe, não conseguia entender-se com a máquina. Coisa de homem mesmo...
Mesmo sendo grande a morada, só tínhamos uma explorada em casa. Minha mãe era desumana e a chamava de empregada, meu pai era caridoso. Usava mais. Tudo. Pagava-se menos. Bem menos, mas chamava-a de operacional. Eu não chamava e se chamasse ela nunca vinha.
A explorada, tinha 57 anos, mas havia tempo que travou sua contagem nos 49 e segundo ela, agora no auge de sua juventude. Uma louca. Louca empregada operacional explorada. Andava feito uma barata tonta pela casa. Devia estar na menopausa. Suava. Se abanava. Olhos sempre arregalados. Dentes sempre prontos para serem mostrados. Ria de tudo aquela uma. Tenho medo de gente que ri a toa. Tenho medo de orientais.
Samurais se matam. Matam. Papai devia escrever sobre os samurais... Um romance onde o samurai era expulso de seu país por não querer se matar. Ele viria, de navio, para o Brasil e se apaixonaria por uma mulata. Gueixa-peixa seria o nome dela.
Já posso até ver. O samurai faria uso de cordas. Shibari. Bondage; e tudo mais para imobilizar a mulata que só pensava em sambar. Ele diria, fica quieta, né? Serenidade, né? Saramba agitado, samurai sereno, né?
Meu pai não saberia escrever sobre isso. Minha mãe não conseguiria costurar com ele espancando a máquina para fazer as falas do samurai na hora do samba. Meu pai não sabia sambar, mas sempre disfarçava para olhar as mulatas na rua.
Cinira. Dona. Era esse o nome da explorada. Um salário de nada. Roupas sempre doadas. Restos, mas feliz. Sorrindo sempre; mas sempre me evitada. Dizia que eu era estranha e eu não deixava por menos. Me fazia de estranha. Olhares, caras, bocas e até tremedeiras ao cruzar por ela...
Levantei. Precisava sair da sala. Não aguentava mais aquele abafo. Fui até a cozinha. Bebi água. Olhei o linguarudo cão no quintal.
Para os amigos, papai dizia que achou o cão perdido na rua e ficou com dó. Para Bhoeme, ele pegou o cão para fazer segurança da casa e dificultar sua entrada. Desde de bem cedo Bhoeme fez amizade com nosso enorme cão. Dois cachorros rosnam, se cheiram, se empurram, rosnam, mas... sempre se entendem. Se a cadela estiver no cio, vai um de cada vez. Pode ficar o tempo que quiser grudado, mas assim que soltar o seguinte, da fila, assume sua vez. Limpa a cadela com a língua, sobre, estoca firme, rápido e logo se gruda de novo. Cães dão bastante atenção ao antes e depois. Não gozam e saem andando...
Sai até o quintal e fui dar água ao bicho. Ele me agradeceu com lambidas em meu rosto, pés e perna.
Olhei para trás, a explorada estava vendo-me. Se escondia na cortina do quarto da minha mãe. Fingi que não a vi e comecei a simular gemidos, excitação e prazer. Abri as pernas e deixei o cão lamber-me mais próximo as partes íntimas. Ela fazia cara de espanto. Abria bem a boca e fechava-a com as duas mãos.
O cão, não direi seu nome, não quero, não vou, lambia. Bebia água fresca e vinha me refrescar. De saia, eu abria mais as pernas e deixava-o lamber. Levantava bem a cabeça e mostrava, a explorada minha excitação.
Cansei de brincar. Enjoei de apavorar a louca e estranha da explorada empregada operacional. Sai. Fui ao encontro dela, entrei pela cozinha, atravessei aquela encruzilhada querendo ver o demônio e logo depois ela, passei por alguns cômodos e bares vazios de gente de verdade e cheios de boêmios falidos, queria de qualquer jeito cruzar com ela. Havia bebido em sua intenção. Depois daquela cena, certamente ela estaria fora de si. Peguei seu homem para mostra-la o quão fraca é perto de mim. Ela teria que aparecer! Ruas, bares, janelas e cômodos. nada da louca. Ate que...já estava chegando em meu quarto quando fui puxada pelo braço num beco despercebido. Pensei que fosse Bhoeme com mais uma de suas investidas surpresas, mas era a empregada. A operacional explorada. A risonha que para mim nunca ria. Veio reclamar seus direitos. Arrotei bem em sua cara e joguei meus sedosos cabelos em seu rosto, mas ela não cedeu. Me olhou fixamente, apertou mais ainda meu braço e falou com ódio na voz e espancando ferozmente meu rosto, fez seu discurso de posse, ele é meu. Ouviu? Meu! Me jogou de volta ao corredor-berço. Sai do bar com meu salto quebrado, mas ainda com meu ar superior. Eu estava descabelada, marcada em corpo e alma. Bhoeme nada fez. Não estava lá. Se estivesse certamente bateria em nos duas. Oras, uma vagabunda de porto vir brigar comigo por causa de um cão?! Só quando entrei no quarto ela apareceu. Abriu as cortinas, me olhou e disse baixinho evitando o cruzamento de nossos olhos, se seu pai sabe desse tipo de coisa te mata, menina...
Menina? Pensei. Sou mulher de Bhoeme, um cão muito melhor que o seu.

MadalenaDee
Mada por parte de pai, Lena pela da mãe e Dee por pura rebeldia.
Para os íntimos, Ma dá. Para os inimigos, Me dá. Para os neutros MadalenaDee.

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Aderlei Ferreira
09/FEV/2006

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

05. Osvaudo Oumundi e suas indignações – Carro, futebol e cerveja. Tá tirando uma comigo, mano!?

05. Osvaudo Oumundi e suas indignações – Carro, futebol e cerveja. Tá tirando uma comigo, mano!?
Carro é coisa séria, futebol é coisa séria, cerveja é coisa séria.
Agora encher o carro de amigos, ir ao futebol na quarta e depois encher a cara de cerveja, tá de brincadeira comigo, né, não, mano!?

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segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Uso e Fruto

Uso e Fruto
Essa semana acordei com vontade de você.
Te queria tanto, mas pranto que meu espanto
dizia que não podia ser canto assim. Em mim.
Desejei inteira, sabendo que seria metade e meia
Queria sua boca guardada na minha, seu calor.
Suas pernas em tremor, seus olhos em torpor.
Eu e você em um quarto escuro, vazio de nós.
As cordas ficariam lá fora. Afora a solidão!
Me dá um sim? Quero o não. Masturbação mental
Abre os seios, deixa-me sugar sua vida.
Dá-me o pescoço, fecho suas feridas.
Vinde  a mim os famintos e... Foda-se!
Eu quero você! Nua ou vestida. Até travestida.

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sexta-feira, 8 de novembro de 2013

03. A Casa de Madalena - A sala de jantar

03. A Casa de Madalena - A sala de jantar
Até a noite, aquele fora uma dia comum. Seu fechamento normal.
Meu pai disse chega. Minha mãe desliga tudo e vai servir o jantar. Jantamos.
Meu pai pega uma livro e vai ler, minha mãe vai lavar a louça e eu? Fico num canto qual uma mesa de canto que não é jogada fora só porque veio sozinha de Paris.
Passado um tempo, minha mãe volta da cozinha. Havia lavado tudo, arrumado tudo, cuidado de tudo segundo as expressas ordens de meu pai. Ele não gostava de louça dormindo na cozinha.
Minha mãe avisa que acabou, meu pai não responde. Fecha seu livro e já sem paciência pergunta por seu café.
Oras, depois do jantar, ele sempre lia um livro e enquanto ela cuidava de tudo, ele tomava uns dois goles de café. Não podia beber mais que isso. Tinha gastrite. Segundo ele, a culpa era de minha mãe. Segundo ela a culpa era minha, segundo eu a culpa era de Bhoeme que insistia em não me tirar dali.
Já havia sinalizado que ele podia raptar-me e me levar, em seu navio negreiro, para conhecer o mundo. Não me importaria de roubar para comer, trapacear para dormir e enganar para viver. Já fazia isso.
Ela pediu desculpas por ter esquecido do café, disse que a carga daquele dia fora grande e perguntou se ele ainda queria seu café. Hein, bem, quer seu café? Ela perguntava com uma voz que misturava doçura, culpa e desejos de servir. Ele nada respondeu e ela logo voltou com a chicara soltando fumaça. A mesma fumaça que ele soltou ao indignar-se pelo café ter demorado e por, aquela hora, ele já não poder mais beber. Fez um sermão explicando a ritualística de uma casa e quão subserviente a mulher tem que ser a seu marido e senhor.
Meu pai era o louco mais são que já vi. Minha mãe era a sã mais louca que eu já pude analisar. Queria ser pediatra, mas depois que descobri que as crianças já nascem fazendo merda, desisti. Agora meu foco é outro. Quero ser psiquiatra. Tenho talento. Adquiro bagagem.
Meu pai levantou-se e foi deitar. Minha mãe não sentou e foi junto. Já na porta me olharam e eu, me fazendo de morta, levantei qual zumbi e fui para o quarto.
Deitei em minha cama, ia escrever em meu diário, mas desisti. Troquei de roupa algumas vezes, algumas vezes conferi se estava muito gorda, barriguda, com pneus, olheira, flácida nos braços, pele seca...
Tirei toda a roupa, tomei banho, passei creme, experimentei quatro camisolas e escolhi uma que não tinha experimentado.
Deitei, levantei, deitei, levantei. Arrumei os cabelos. Estava inquieta. Ouvi barulhos?
Não acredito, meu pai estava usando minha mãe. Antes que eu conseguisse sintonizar eles pararam.
Por isso não caso. Só quero amantes. São mais demorados e quando não são, são mais intensos.
Bhoeme passava noites e noites comigo e mesmo estando frio, ele me colocava quente. Quando estava quente ele começava a falar francês e me fazia mais quente ainda.
Salvo a estranha higiene dos franceses, eles são belos amantes. Não disse bons. Disse sim, belos.
Bhoeme era belo e bom. Mas não falava francês. Fingia que falava e aquilo para mim bastava. Sempre pedia para ele falar mais. Sempre que aprendia uma nova palavra ensinava a ele. Bhoeme, meu belo - e bom - francês.
Seus cabelos bem rentes a cabeça e cheios de pasta, e gel, seu bigode fino e seu olhar de cafajeste apaixonado me encantavam.
Nunca sabia quando ele viria. Nunca sabia quando ele voltaria, mas sempre sabia que se não viesse estaria preso em algum porto por guardas costeiras ou morto em alguma briga de navalha causada por uma ou outra vagabunda dessas muitas que ele tem e insiste em dizer que é tudo mentira e intriga da oposição.
Já encomendei sua lama várias vezes. Bastava ele demorar um pouco mais e lá ia eu rezar por uma passagem branda rumo ao paraíso. Desejar o inferno para um homem desses é presente. Não reclamo o defunto, mas não encomendo a alma. Aliás, não cabia a mim reclamar o defunto. Não era mesmo meu.
Encomendei sua alma muitas vezes achando que não voltaria mais.
Mais barulho. Dessa vez levantei correndo e colei meus ouvidos na parede. Logo desisti, pois seria humanamente impossível meu pai fazer aquilo mais de duas vezes num mesmo mês.
Ouvi. Não ouvi. Deitei, levantei, deitei de novo. Deitei para dormir. Olhei para Liko, meu urso de pelúcia que vibra e é melhor que qualquer boneca de cabeça grande ou braço largo, o empurrei com os pés.
Não adianta. Quando uma mulher não quer, é porque ela não quer e é mais sábio o homem se manter longe. Mas homem sábio sem mulher? Tão estranho quanto a higiene das franceses...
Liko não reclamava. me entendia, me entedia... Sem pilha era melhor, com pilha era o pior.
Mais barulho, levantei. Mais barulho! Coloquei o robe. Mais barulho? Sai do quarto e fui ver o que era.
Cheguei na sala de jantar e quase chorei ao ver as flores, a decoração de velas e sentir o cheiro do barato charuto de Bhoeme... Me encantei e, como todo mulher seduzida, fiquei mole, trêmula e pronta...
O que você quer na sala de jantar a essa hora Mada? Assustei-me com meu pai bebendo o frio café que ficara lá. Tão jogado quanto a mesa de canto que veio sozinha de Paris. Nada respondi e ainda tentei ver se Bhoeme ainda estava por ali, mas entendi que meu pai havia impedindo-o de dar sequência a sua noite de l´amour comigo. Se a dele era curta, a minha não podia existir.
Fui deitar. Dormi. Não levantei.

MadalenaDee
Mada por parte de pai, Lena pela da mãe e Dee por pura rebeldia.
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Aderlei Ferreira
09/FEV/2006

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

04. Osvaudo Oumundi e suas indignações – Conspiração, motim e relevâncias

04. Osvaudo Oumundi e suas indignações – Conspiração, motim e relevâncias
Hoje peguei uma taxista mulher e fiquei pensando: Meu chefe é mulher, a dona do meu apartamento é mulher, a gerente da conta de empréstimos é mulher, a mãe do meu filho é mulher, a minha mãe é mulher!
Caraca, véi... Elas estão dominando o mundo. Aí, camarada, será que Deus é mulher?

AsF
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segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Ser parceiro

Ser parceiro
Ser parceiro não é concordar com tudo que o outro diz e sim estar junto mesmo diante das divergências.
É ser amigo em todas as horas, é - ainda que com jeitinho -  falar o que pensa.
É apoiar mesmo quando discorda e discordar mesmo enquanto apóia.
Ser parceiro é ser você mesmo em nome de uma relação.
É olhar querendo ver, não temer o visto e mesmo vendo ir além na relação, acreditando que tudo dará certo e que, depois de tudo, ainda rirão das crises.
Ser parceiro é passar pelas crises, com crise, mas não abandonar.
É falar o que sente, como sente e, se puder, o que sente. E acolher o que o outro fala de si, em si e por si.
Ser parceiro é mais que ser amigo, namorado ou marido.
Ser parceiro é ser - e estar - uno, dentro, fundido e embora pareça fodido segue além de si mesmo.
Ser parceiro é ser você no outro e permitir que o outro seja ele mesmo em você.
É não correr nas horas ruins e se aproximar nas horas boas. É confiar, estar junto, unido.
Ser parceiro é fazer poesia no dia a dia e resgatar cada momento como se fosse único.
É promover a manutenção da relação como se não houvesse amanhã e, muito menos, ontem.
O passado importa, é bem vindo e conta pontos, o futuro precisa ser, sim, programado, elaborado e pensado, mas é o agora que faz tudo isso acontecer.
Então viva o agora e crie parcerias sem pensar em politicas, vantagens e lobbys. Parceria se faz para ganhar vantagens, negociar as desvantagens e ser feliz ao ter alguém do seu lado que tornará seus sonhos mais possíveis.

Aderlei Ferreira
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sexta-feira, 1 de novembro de 2013

02. A Casa de Madalena - O quarto

02. A Casa de Madalena - O quarto
Tóc, tóc, tóc!
Eram fortes as batidas na porta do meu quarto. Fingi que não ouvi, afinal era domingo.
Tóc, tóc, tóc, - Mada, vamos que está na hora da missa!
Era meu pai, só ele me chamava de Mada. Eu era duas naquela família. Para papai era Mada, para mamãe Lena. Para mim mesma eu não era ninguém.
Papai era assim, fazia questão de ir a missa de Domingo. Mamãe era filha de Maria, mas... não deixava de reclamar todas as vezes que tinha que ir às reuniões do grupo.
Minha mãe nasceu e se preparou por toda uma vida para casar, ter um marido e cuidar dele, o resto era só, como diz a propaganda: Foto meramente ilustrativa, ou seja,  resto. E ela nunca gostava de nada que fosse resto. Às vezes tenho pena do meu pai, mas as vezes tenho pena da minha mãe, mas a verdade é que, às vezes, tenho pena da máquina de escrever...
Tóc, tóc, tóc Agora eram fracos. - Lena, filha... Era minha mãe. Devia ter visita em casa. Sua voz estava doce demais.
- Já vou... Falei fingindo voz de sono.
Me virei para o lado, ia adormecer quando Liko, meu urso de pelúcia e plástico, e que tremia de frio, quando apertado um botão, me despertou o mundo proibido.,
O joguei para o lado, mas qual mulher de marinheiro logo o peguei de volta. O que ele podia me dar eu queria receber. O que eu queria receber... Só ele podia me dar.
Não ouvi a máquina de costura da mamãe, não ouvi a de escrever do papai, mas a tremedeira de Liko ouvia-se a quilômetros de distância...
O pressionei entre as pernas e silenciei... Ele estava mudo, mas ela estava tão ou mais falante que bêbada a beira de cais.
Tóc, tóc, tóc. De sobressalto protegi Liko e com voz embargada gritei: - Estou quase... pronta.
Papai respondeu: - tá estamos indo então e a encontramos lá.
Bem feito! Nem respondi e dei toda a atenção ao barulho do carro que saia da garagem somente uma vez por semana.
Não mais. Não menos. Nunca mais que uma. Papai sempre andava de ônibus. Era mais seguro, gastava menos e... do jeito que ele dirigia, também, era mais rápido. Carro era para ocasiões especiais! Como andar três pequenos quarteirões para ir a igreja. Papai não acumulou posses nessa vida, mas na igreja ele era o filho do deus e precisava mostrar que seu pai fora generoso consigo.
Ele assumia-se católico, ia as missas, mas sempre que o livro estava pronto, levava a um numerólogo para saber se o título estava de acordo, depois e sem voltar com ele em casa, passava numa mãe de santo para benzê-lo e por fim, dava alguns exemplares a uma "amiga" cartomante para que ela "distribuísse". Eu não falava nada, só ouvia o barulho da máquina de escrever sendo surrada ao bel prazer dele, sentia dó dos tecidos que minha mãe enfiava agulhas, linhas e ainda conferia para ver se ficaram bons...
Liko não me deixou desviar o pensamento e como se tivesse vida própria, de amante sem tempo, aumentou a vibração.
Sofri por dois minutos. Amei, odiei, amei de novo, odiei de novo. Pensei mil coisas, dois minutos e dois mil homens. Todos ali. Todos meus. A se consumirem em mim.
No fundo eu sempre quis ser mulher da vida, no fundo sempre quis ser mulher na vida.
Dois minutos e eu pensando em mulher... Liko me fazia mulher em dois minutos. Melhor que sexo de saquinho, maior que bonecas de cabeças duras e braços largos.
Quase morrendo, quase pronta para o meu amante maior, Bhoeme e... Tóc, tóc, tóc -  Mada!
Não acredito! Joguei Liko, sem desligar, para o canto da cama, me enrolei no robe e fui até a porta pronta para cometer um assassinato. Afinal, depois eu estaria na igreja e poderia me confessar, pedindo a absolvição de Deus.
- O que você quer, Flávio? Perguntei com a faca na mão e já enfiando na jugular daquele que se fez passar por meu marido e afugentou meu amante.
- Seu pai mandou que eu viesse te acompanhar. Ele falou e já foi forçando a porta para entrar. Ensanguentado, cairia bem no meio da minha sala. Primeiro eu olharia toda aquela cena, depois ficaria mais dois minutos com o meu amante. Pediria que Liko limpasse tudo e sugeriria que Bhoeme me possuísse enquanto o sangue ainda escorria quente...
- Flávio, dois minutos! Falei enquanto ele sentava no largo sofá da sala. E quando ele me deu as costas, ainda cambaleando, eu dei mais alguns golpes. Sabia que depois eu teria que chorar muito para convencer a polícia de que tudo não passou de um grande susto.
Enquanto eu escondia o Liko, Bhoeme sairia pelos fundos. O beijaria intensamente e pediria para ele ir, mas o faria prometer que voltaria.
- Você ainda nem está pronta.
- Ah Flávio, vai catar coquinho, moleque!
- Moleque, não. Tenho 19 anos e sou mais velho que você! Homens... não aceitam a verdade. Sempre tem que ser vistos como generais de exército de muitas batalhas... Um general! Muitos homens...
Puxei meu braço das mãos dele e olhei bem fundo em seus olhos.
- Me respeite! Disse firme e ele me soltou... e ainda pediu desculpas.
Ah! Ah! Ah ! Bhoeme me daria um tapa na cara e ainda me faria ajoelhar antes que ele partisse... Liko desligaria sem nem me dar atenção, mas Flávio me pede desculpas e ainda abaixa a cabeça...
Eu sentei sobre seu corpo, pois estava ensandecida e apunhalei ainda mais. Ele cairá de costas e eu sentia a faca tocar seus ossos. Bhoeme me segurou e disse: - chega da sede de sangue que agora quero te beber. Me atirou ao lado do já defunto e se jogou sobre mim. Seu peso, seu perfume barato, certamente dado por alguma qualquer como eu, misturava-se ao cheiro do produto que usava para manter seus cabelos impecavelmente arrumados...
- Vai Mada!
- Ah Flávio! Eu disse e sai andando para o quarto. Ia me trocar. Vi. Não. Eu não vi que Flávio vinha atrás de mim e já entrei no quarto tirando o robe; corri para a cozinha, eu tinha que me lavar... Ligar para polícia, arrumar um álibi...
Flávio estava encostado na porta e eu tirei a parte de cima da minúscula camisola bem devagar...
Ele estava atônito, incontido, pasmo, mas não duro. Não pronto. Generais sempre estão prontos. Para as guerras.
Me virei para abrir o armário e fingi que ainda não havia visto-o. Dois minutos! Ele teria para me convencer a trair Bhoeme, dois minutos. Liko nada falaria e se Flávio fosse bom o deixaria voltar ao meu quarto. Mas... teria que jurar não falar nada a Bhoeme. Se bem que. Bhoeme... Saberia de tudo só de olhar em meus olhos... Ele era vivo! Único homem que já tive até hoje. O único de verdade. Foi ele quem usou meu pai para me dar o Liko. Sei que foi.
Abri a porta do armário, peguei uma blusa e tirei o pequeno short que me escondia a calcinha de algodão. São recomendadas pelos médicos e como não quero ir a esses tarados, faço tudo que mandam.
Flávio se alisava e nem percebia que, pelo mesmo espelho que ele me olhava eu o via também.
De calcinha, quase nua, bicos rijos; quase pronta. Comunicaria a ele o final de seus dois minutos e o deixaria falar. Se fosse convincente o mandaria entrar, se vacilasse avisaria que Bhoeme saberia de tudo e seguramente passaria a navalha em seu pescoço.
Virei rápido e mais rápido ainda soltei um Ah! de espanto e surpresa. Eu fingi a morte ao palidecer minha pele, roborizar meu rosto e arregalar meus olhos cor de céu. Queria que fossem rosas. Cor de menina...
Flávio sorriu. Era sorriso de quem sabia amar, mas morto não ama. Bati a porta e peguei Liko por dois minutos mais e em mais dois minutos eu estaria na missa. Não para confessar. Se cometi algum crime me redimi a tempo. Desliguei o Liko e sai. Para a Igreja.
E Flávio? Veio atrás de mim. Era só isso que sabia fazer.
 
MadalenaDee
Mada por parte de pai, Lena pela da mãe e Dee por pura rebeldia.
Para os íntimos, Ma dá. Para os inimigos, Me dá. Para os neutros MadalenaDee.

 
By
Aderlei Ferreira
08/FEV/2006

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