Abrindo as portas.

Seja bem-vindo(a) ao meu Labirinto!
Aqui criador e criaturas se fundem e confundem até o mais astuto ser. Olhe querendo ver e não tema o que pode ser visto, afinal luxo e lixo diferem em somente uma letra - nem tão diferentes assim. Uma dica: Se perca para se achar. Se ache e pouco se dará a permissão para perder-se. Permita-se as permissões a bem das possibilidades.
Bom mergulho andarilho(a)!

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

11. A Casa de Madalena - A caixa de correspondência

11. A Casa de Madalena - A caixa de correspondência
Din dôôm fez o barulho da campainha atrás da porta. Não gostava daquele barulho. Era o carteiro avisando que havia deixado correspondência na caixa correspondente. Não gostava do barulho da campainha e menos ainda de carteiros. Ou era cobrança, ou era aborrecimento, ou era propaganda. Com a internet, salvo políticos, ninguém mandava mais cartas a ninguém.
- Lena, minha filha, é para você! Disse minha mãe sorrindo e ainda lendo o remetente. Levantei os olhos, mas não fiz cara de espanto. Devia ser alguma congregação querendo minha participação em algum evento. Ou algum lugar dizendo que eu havia ganho uma bolsa para algo que eu não queria. Ou, pior ainda, o aceite de alguma instituição que minha mãe me inscreveu sem me avisar.
Ela não veio, meu pai parou de espancar a velha máquina de escrever e eu levantei para pegar a carta.
Bem que podia ser um carta de Bhoeme. Totalmente codificada avisando-me que é chegada a hora de partir. Comigo!
Na frente de todos eu me faria de desentendida. Seguraria a carta comigo e após entender cada código e decorar o horário e local para o encontro, rasgaria a carta e ingeriria seus restos. Não poderia haver falha. Bhoeme era rigoroso quando o assunto era segredo.
- não sei... não sei... Responderia a minha mãe quando ela perguntasse o que era aquele monte de símbolos. Abraçaria a carta e correria para o meu quarto. Sem me demorar, pegaria uma minúscula mala e poucas coisas colocaria dentro. Bhoeme sempre deixou claro que o seu dinheiro compraria uma mundo para mim. Eu não precisaria daqueles restos.
Ao decifrar a carta leria:
“Meu amor, a vida corre qual mares e marés em direção a portos diversos. Alguns sabemos quais são, o que esperar e como atracar. Outros são desconhecidos e somente aventureiros experientes voltam para registrar suas histórias e desafiar outros a seguirem seus caminhos.
Aqui estou, velas prontas, mastros rígidos e com esperança de bons ventos, mas não posso partir para uma aventura, que talvez não tenha volta, sem levar-te comigo, pois morrer sem teu abraço é sinal de virar um zumbir por estar preso a seu amor.
Com afetos Bh.e”

Tudo isso em francês. Ah Bhoeme... como não ir, meu amor? Com não seguir os desígnios da vida se esses sempre me colocam a teu lado?
Leve lágrima cairia de meus olhos e somente uma gota seria suficiente para me levar ao rio do amor.
Já antevendo tudo peguei a carta da mão de minha mãe e abri esperando os códigos de Bhoeme. Coração pulsava, eu tremia, mas mantinha-me serena por fora. Eu e meu ar de “não estou nem ai para o mundo”.
Minha mãe sorria e eu vi o código:

Fd8GGh142  e uma mensagem logo depois:

"Esse é o código que abrirão todas as portas a você!
Venha correndo conquistar o mundo e ser feliz!

Instituto de Corte e Costura Maria das Lourdes."

Minha mãe sorria. Meu pai sorria e eu? O que você queria que eu fizesse? Sorrisse?
 
 MadalenaDee
Mada por parte de pai, Lena pela da mãe e Dee por pura rebeldia.
Para os íntimos, Ma da. Para os inimigos, Me dá. Para os neutros MadalenaDee.

 
By
Aderlei Ferreira 
 07/FEV/2006

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