Abrindo as portas.

Seja bem-vindo(a) ao meu Labirinto!
Aqui criador e criaturas se fundem e confundem até o mais astuto ser. Olhe querendo ver e não tema o que pode ser visto, afinal luxo e lixo diferem em somente uma letra - nem tão diferentes assim. Uma dica: Se perca para se achar. Se ache e pouco se dará a permissão para perder-se. Permita-se as permissões a bem das possibilidades.
Bom mergulho andarilho(a)!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Eu e o diabo. Fui julgado (e condenado!)

   Quem em conhece sabe que somente durmo na parte da tarde quando realmente não há outra opção. Pois bem, hoje dormi (a tarde) e tive um pesadelo horrível:
Estava na sala quando o diabo chegou. Seu rosto mudava a cada dois segundos. Caa rosto uma pessoa conhecida. Passado. Cada rosto um julgo diferente, mas tão igual ao último que era de impressionar.
   Não. Isso foi pesadelo, mas era tão real que transpirei.
   Não. A minha voz permaneceu, só resolvi não falar. Pra quê?
   Sim. A mente continuou processando rápido, frequente e fluente. Mas pra quê trocar? Pra quê gargalhar se quando o diabo vem, só ele quer rir?
   Então, ele chegou, sua postura era de julgamento. Me julgou.
   Claro que, segundo ele, foi justo e seguiu o mesmo ritual de sempre:
   Me colocou no banco dos reús, me fez jurar que diria a verdade, somente a verdade e nada mais que a verdade. Pô, o cara usa uma biblia para isso. Segundo sei, o diabo é um conspirador e um dos motivos de sua conspiração é justamente não acreditar em absolutamente nada do que está lá.
   Seguiu levantando todos os pontos acusatórios. Falou, viu? Confesso que os olhos não diziam o mesmo que a boca. Confesso que o brilho da pele também era discordante, confesso que vi tudo isso e até vi brejas para dizer ao diabo: - irmão, relaxa e toma uma Skol... Dessa vez tu tá redondamente enganado, mas beleza. Bater boca com o "coisa ruim" pra quê? Afinal, quando o diabo vem - e ainda mais mudando de caras e fazendo caretas - ele quer tudo, menos ser contrariado.
   O bicho falou, falou, falou. Juro que ouvi com atenção, carinho e real interesse, mas as argumentações não me comoveram a ponto de promover embate, debate e até desenlace. O diabo foi astuto e veio justamente numa hora em que meu horário permitia pouco, mas querem saber? Em outra hora eu até poderia ser o bom e velho complacente de sempre e iria explicar a situação. Fiz isso pouquíssimas vezes na minha vida, mas estava disposto a fazê-lo, até porque só o diabo acha que ele vem sem aviso algum. Meus fieis sentidos, olhares e percepções o anunciaram desde a primeira mudança de vento. Duvido que ele próprio tenha visto essa mudança em seus próprios ventos.
   Muito bem, findo o discurso vem o veredicto:
- Eu, senhor diabo, usando do poder a mim conferido, por muitos outros, declaro que você poeta apaixonado e artista da vida, está condenado a viver nas profundezas do inferno.
   Afi que gelei nessa hora.
   De um estalo eu comecei a descer em um mar estranho. Isso no pesadelo, né? Me perdi, chutei tudo, gritei e por dois minutos chorei. Chorei muito.
   Meu corpo descia. O mar, cada vez, ficava mais gelado, mais escuro e frio. De peixes ornamentais passei a ver peixes estranhos, sem partes, incompletos, meio que sem vida. Juro, algo assustador.
   O diabo não sorria, mas me olhava, com suas muitas caras, de longe. Tudo estava armado. Foi programado. O que me perguntei foi: Será que ele viu que ele armou contra ele mesmo? Se viu, será que ele viu que eu vi o visto?
   Eu já estava bem fundo, sem roupa, com muito frio. A espinha gelava, os movimentos se perdiam cada vez mais. Cada vez mais eu me achava louco e confesso que algumas vezes acreditei em minha culpa. Algumas vezes me condenei. O diabo foi astuto, o discurso foi firme e eu acreditei.
   Minhas pernas não respondiam, minha mente - sempre um liquidificador lindo de ver, ouvir e perceber - estava aturdoada, perdida em si.
   Tempo? Dois minutos. O máximo que me permito para uma eternidade.
   Nessa hora, meio a tantos peixes sem vida, sem luz, sem brilho e até sem navegabilidade eu avisto uma baleia.
   Grandona, lindona, brilhante. Bailava em seu canto e pouco se importava com aqueles peixes horríveis. Bailava para si, em si e por si.
   Ali era fundo. Muito fundo. Nunca tinha ido tão longe e também nunca havia explorado tanto meus dois minutos (repito, uma eternidade e só quem conhece meu tempo saberá que tempo é esse).
   A baleia não falou comigo, aliás, ela não falava com ninguém.
   Não. Eu não fui salvo por uma baleia. Até porque condenação é condenação e pronto.
   O que acontece é que ao ver a beleia em si, por si e consigo meu deu um respiro. Percebi que estava sem ar e voltei a respirar.
   Nessa hora meu corpo, mente, alma e espírito se multiplicaram.
   Sim, nas profundezas do inferno eu me fiz dois.
   Um eu deixei descer mais ainda. Ele desceu forte, firme e consciente que condenar é preciso. Que queime! Que morra! Que se fo...! Vi aquee corpo absorver todas as pragas jogadas, todas as infermidades profetizadas. Vi sim.
    Assim, eu em dois.
   Um deixei morrer, o outro fiz voltar a superfície, afinal meu mundo é meu. Nele sou réu, vitima, juiz, defesa e acusação. Nele sou eu.
   Assim, em me fiz em dois. Multiplicado.
   Um deixei morrer. Para o mundo. Para o diabo e suas muitas caras.
   O outro fiz viver. Para o meu mundo. Para mim mesmo com minha única cara.


   Moral da história:
   Mesmo que seja o diabo, pode julgar, estará fazendo sempre ao outro eu e não a esse eu de fato;
  
   Obrigado pelo carinho de todos;
   O blog chegou ao fim de suas postagens automáticas. Aqui deixo um quase tudo que já produzi até hoje. Aqui estanco com a produção.

Em tempo: Pode ser que daqui a dois minutos tenha um post novo, mas... quem sabe quanto tempo dura os meus dois minutos?

Abraços fraternais e cuidado com os pesadelos, eles podem te dividir em dois.

See you

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