Abrindo as portas.

Seja bem-vindo(a) ao meu Labirinto!
Aqui criador e criaturas se fundem e confundem até o mais astuto ser. Olhe querendo ver e não tema o que pode ser visto, afinal luxo e lixo diferem em somente uma letra - nem tão diferentes assim. Uma dica: Se perca para se achar. Se ache e pouco se dará a permissão para perder-se. Permita-se as permissões a bem das possibilidades.
Bom mergulho andarilho(a)!

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

09. A Casa de Madalena - O ventilador

09. A Casa de Madalena - O ventilador
Mesmo não estando tanto calor assim, ajoelhei-me diante do enorme ventilador quadrado que ficava na entrada da sala de estar e de costas para a sala de jantar. Precisava sentir vento no rosto. Precisava sentir meus cabelos voarem ao vento. Na proa do navio, qual um famoso filme de cinema, eu abria os braços e esperaria meu amante me apertar por trás mostrando-me quão segura eu estaria nas mãos dele.
O ventilador era muito antigo, e até barulhento, mas era o que tínhamos. Era ao que me agarrava naquele momento tão meu. São poucos os momentos que temos somente para nós mesmos...
O barulho do ventilador lembrava-me um barulho que nunca ouvi, mas sempre ouvi dizer. O de um motor de um grande navio...
Vento no rosto. Amante nas costas. E o barulho do motor para embalar nossas paixões.
Ajoelhada eu deixava o vento bater-me. Agradecia por cada espancar de cabelos. Sentia que o forte barulho do motor do carro de meu raptor abafaria qualquer grito de pavor. Eu não gritava. Forte, e até resignada, esperava para ver a cara daquele que me tirara do convívio de minha família e me lançava ao desconhecido.
Aumentei a rotação e o vento vinha firme. Forçava minha roupa contra minha suave e bem cuidada pele. Meu amante me descia da proa do enorme navio e rasgava-me a roupa. Queria ter-me em amour. Me daria a ele. Seus olhos pediam e não seria eu a recusar o que meu corpo também pedia.
Brutalmente tirada do carro vi pedaços de minha roupa serem jogados ao chão. Meu raptor era forte. Cheirava forte. E por mais que eu tentasse não via seu rosto.
Ofertei o pescoço ao vento mais forte ainda do ventilador e impiedosamente este acariciou minha pele. Forte vento. Frágil pele, insanos desejos.
Meu amante parecia um homem de muitos braços. Beijava meu pescoço. Acariciava-me os seios e vinha com tudo para mim. Queria entrar. Eu não facilitava. Queria que invadisse. Com força.
Ao tentar olhar, mais uma vez para meu raptor este me joga num galpão e morde meu pescoço sem jeito. Tento gritar, mas tenho meus seios apertados com tamanha força que tremi.
Abaixei a cabeça e tive que fechar os olhos de tão forte que estava o ventilador.
Abaixei e consenti minha vida ao meu algoz. De cabeça baixa e olhos fechados me entreguei aquele que me traíra e não contrariada entendi que o destino o trouxe a mim e cabia-me aceitar a dor que viria de sua doma. Consenti, de olhos fechados e cabeça baixa murmurei algo.
Meu amante era meu naquele momento e já sem fôlego declarei meu amor a ele e assumi: Quero ser tua! Falei uma, duas, três e sempre mais alto para que ele me ouvisse.
- O que houve Mada? Falando sozinha no ventilador?
Me assustei com meu pai e então percebi que nem para ser amada por um. Raptada e deflorada por outro tenho paz nessa casa.
Desliguei o ventilador. Me recompus e fui tomar um ar. De verdade.

MadalenaDee
Mada por parte de pai, Lena pela da mãe e Dee por pura rebeldia.
Para os íntimos, Ma dá. Para os inimigos, Me dá. Para os neutros MadalenaDee.

By
Aderlei Ferreira
21/FEV/2006

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