Moedas
Sou um trem velho que não apita mais
Barco sem função, largado em um cais
Amante sem potência rumo a indigência
Cão sem dentes, vagando na demência
Padre sem paróquia, carola sem fofoca
Um milho adormecido, nunca serei pipoca
Vagabundo! Imundo! Moribundo!
Um não sem perdão na contramão!
Sou o real revés do sentinela.
Um ser humano em aquarela.
O tropeço inesperado do palhaço.
Um coração forte, de fibra, de aço.
Música ao longe, mas que entra;
sem pedir licença, senta, adentra.
Assim eu sou o nada que vê.
O tudo que pode acontecer.
AsF171110
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